Aumentar a produtividade? Cuide primeiro da saúde mental, recomenda Horta Osório
Depois de, em 2011, se ter afastado temporariamente do Lloyds para recuperar do stress, Horta Osório defende agora que a chave para aumentar a produtividade das empresas é cuidar da saúde mental.
Ter colaboradores que seguem à risca a recomendação latina “uma mente sã num corpo são” deve ser uma das prioridades das empresas. Quem o diz é António Horta Osório, banqueiro português atualmente na liderança executiva do britânico Llyods, num artigo de opinião publicado no The Guardian.
“Apesar das alterações fundamentais nas nossas vidas laborais na última década — trabalho mais flexível, o fim do horário das nove às cinco, a cultura do estar ‘sempre ligado’ e a rápida evolução tecnológica — há uma constante problemática: o recuo da produtividade desde 2007, no Reino Unido”, começa por explicar o gestor. Horta Osório considera que, à parte dos fatores económicos, é importante reconhecer um ponto “menos visível, mas pesado” nessa evolução: a saúde mental e a forma como é encarada nos locais de trabalho.
Por isso, o banqueiro salienta que cuidar da mente será sinónimo de aumentar a prosperidade e nota: “crucialmente, fará diferença nas vidas e no bem-estar das pessoas”.
Recorde-se que António Horta Osório enfrentou ele próprio este tipo de problema, em 2011. Nessa ocasião, o banqueiro sentiu-se mesmo obrigado a deixar temporariamente o banco que comanda para recuperar do excesso de stress. “Ele está muito cansado devido ao excesso de trabalho”, explicava, na altura, uma fonte próxima do gestor.
“Tornei a saúde mental um foco particular da companhia em resultado da minha experiência pessoal. Considero claro que a mudança mais precisa é a da mentalidade [com que se encara este assunto]”, sublinha o banqueiro. O português reforça, neste sentido, que saúde mental e física devem ser reconhecidas como paralelas.
Segundo o gestor, o banco britânico está cada vez mais atento a este tópico, tendo aplicado diversos programas de acompanhamento dos seus colaboradores. Osório defende ainda que é preciso “eliminar qualquer vestígio de estigma”, até porque a chave para o bem-estar, recuperação e produtividade dos trabalhadores é não só permitir-lhes ter tempo suficiente de descanso, mas também apoiá-los.
“Alterar a mentalidade corporativa no que diz respeito à saúde mental é, acredito, o passo mais fundamental para mudar as coisas para melhor”, termina o banqueiro, adiantando que, no início do ano, o Lloyds aumentar a cobertura do seguro de saúde oferecido aos trabalhadores para que saúde mental e saúde física tenham o mesmo nível de atenção.
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