EUA: 26 milhões já votaram, mas em quem?

  • Juliana Nogueira Santos
  • 2 Novembro 2016

A cerca de uma semana do dia da decisão, 26 milhões de americanos já votaram antecipadamente. Nesta altura, em 2012, apenas metade o tinham feito. Estará tudo decidido?

Na corrida à presidência norte-americana, a votação tem trazido imensas novidades, desde escândalos a novos processos — a sua enumeração parece já impossível. Acontece o mesmo em relação à votação antecipada: registaram-se até ontem 26 milhões de votos, o dobro daqueles que se tinham contabilizado no mesmo período de 2012.

Tal como acontece no nosso país, nos Estados Unidos é dada a oportunidade aos votantes de depositarem o seu voto alguns dias antes do dia da votação. Isto permite não só a manutenção do número de eleitores, mas também o descongestionamento das — enormes — filas que se formam no dia da eleição. São permitidos três métodos de votação antecipada:

  • Simples – votação presencial sem qualquer tipo de justificação. É permitida em 37 estados e no distrito da Colúmbia.
  • Ausente – o eleitor não precisa de se deslocar à mesa de voto, sendo que o boletim é enviado pelo correio e pode ser entregue em mão ou novamente pelo correio. É permitida em vários estados, contudo 20 pedem justificação.
  • Por correio – o eleitor inscreve-se numa lista e o boletim é enviado sempre para casa, tendo este que o devolver pelo mesmo meio. Existe em três estados para todas as eleições, enquanto outros permitem só para alguns tipos.

Além dos números dos eleitores, os estados podem divulgar as percentagens de eleitores registados em partidos que já escolheram quer querem para presidente nos próximos quatro anos. Estas podem-nos dar um vislumbre de como serão os resultados da próxima terça-feira.

Democratas e os quatro baloiços

Swing states, ou em português “estados baloiço”, são os estados que não têm uma preferência partidária definida e que podem “balançar” com igual probabilidade entre democratas e republicanos. Cada eleição tem os seu swing states, não havendo um fator decisivo para um estado o ser. Estes são definidos à medida que a eleição avança. Os de 2016 são Colorado, Florida, Iowa, Michigan, Nevada, Nova Hampshire, Carolina do Norte, Ohio, Pensilvânia, Virgínia, Wisconsin e Georgia.

O partido democrata está em terreno positivo em quatro destes: no Nevada com uma margem de 7%, na Carolina do Norte com uma margem de 12%, no Colorado por 30 mil votos e no Iowa por 10%. O último é aquele em que podem surgir mais dúvidas, uma vez que os eleitores chave de Clinton não estão igualmente representados — já votaram mais hispânicos do que em 2012, mas os jovens e os afro-americanos estão em minoria entre os votantes antecipados.

Os dados não parecem favoráveis para os republicanos: na Florida, um swing state, estes vão à frente por 0,4%, tendo em conta que apenas 10% dos hispânicos já declararam a sua intenção de voto. O único estado em que Trump parece levar um avanço maior é o Arizona, contudo este é tradicionalmente republicano.

Adiantado não significa vencedor

Embora isto possa dar uma ideia do desfecho destas presidenciais, há que ter atentar a três fatores: os eleitores registados como democratas ou republicanos poderem votar em qualquer um dos quatro candidatos — sim, porque há quatro — e existe uma grande percentagem de cidadãos que já votaram e não são militantes de qualquer partido. A juntar-se a isto está o perfil dos votantes adiantados: pessoas mas velhas e mais leais aos seus partidos que, por isso, retiram o swing ao conceito de swing state.

Editado por Paulo Moutinho

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