Paulo Portas: Economia 4.0? Europa está fora da Liga dos Campeões
Paulo Portas defendeu esta tarde que os semáforos deviam estar acessos na Europa, porque o velho continente está fora da era da digitalização.
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros desafiou a Europa a estar mais atenta às modificações da economia, sobretudo no que se refere à economia 4.0. No Fórum Económico Famalicão Made In, Portas alertou para o défice tecnológico que existe na Europa. E para corroborar a opinião relembrou que na lista das maiores companhias tecnológicas do Mundo, existem zero europeias, quatro chinesas e seis americanas. Facto que devia “acender o semáforo vermelho em Bruxelas é que na economia 4.0 a Europa está fora da Liga dos Campeões”. “Porque é que não existe sequer um servidor europeu?”, questionou.
Na sua intervenção que teve lugar na tarde desta quinta-feira, no Fórum Económico Famalicão Made In, uma parceria entre o ECO e a Câmara Municipal de Famalicão, Paulo Portas defendeu que ” temos uma nova ordem económica, mas não temos ainda uma nova ordem política”. E defende que a geoeconomia é, pelo menos, tão importante como a geopolítica.
O atual conselheiro estratégico para a internacionalização da Mota-Engil, e cujo discurso recai nas “Tendências Mundiais em 2018: o novo mundo da geoeconomia e suas consequências e oportunidades” diz que “a nova era económica tem como facto dominante o crescimento da Ásia, e o risco politico da migração e isso é um mundo novo.”
Ainda assim, o ex-governante adianta que “nesse mundo é duvidoso que hoje tenhamos lideranças e ainda mais que tenhamos obediência”. E estes, reconhece, “são fatores que preocupantes”. Portas, que falava perante uma plateia de perto de 500 empresários, alertou para a imprevisibilidade da globalização, “e esse é um conceito que à partida não agrada aos empresários e às empresas que fogem da instabilidade”.
Por isso, adianta, é importante que “os empresários é que sejam flexíveis, porque se forem rígidos não se adaptam a um mundo onde frequentemente acontecem coisas que não se esperavam dantes. Quem for muito rigido adapta-se mal aos tempos de globalização e a este novo mundo”.
Também a questão da digitalização esteve em análise pelo ex vice primeiro-ministro. Portas garante que a globalização e a digitalização são coisas diferentes, com “vidas paralelas mas com efeitos diferentes”.
É possível fazer uma pausa na globalização, mas não na digitalização
“Nos Estados Unidos, em cada dez empregos perdidos, oito não se deveram às transferências, devem-se ao setor tecnológico e ao fator inovação”, sublinha. Portas diz mesmo que “é possível fazer uma pausa na globalização, mas não na digitalização”. E deixou o recado: “preparem-se para uma economia com uma conotação 4.0, ou mesmo 5.0”.
Como vem sendo hábito nas suas palestras, Portas falou de Trump, referindo que “vivemos num mundo onde contam mais as perceções”. “2017 foi um ano em que as primeiras páginas dos jornais foram dominadas pelas questões do protecionismo, mas os factos demonstram que foi um ano muito bom para o comércio global, com o comércio a ser um dos motores do crescimento”, afirmou.
Portas aconselhou os empresários a não acreditarem nas perceções, tendo mesmo aconselhado, “vivamente, pouco fanatismo na avaliação dos factos internacionais”. E deu como o exemplo o bom comportamento das bolsas americanas, alertando para o crescimento do défice comercial americano que continuou a crescer, apesar das exportações americanas terem seguido também uma tendência positiva.
Para Portas, este crescimento americano “coloca um problema de competitividade à Europa. Temos que ver como travar a atratividade do investimento para os Estados Unidos”. Já sobre a Coreia do Norte, Portas afirma não ter a “certeza que ele não tenha feito melhor do que o seu antecessor”. Até porque, refere, “a Coreia do Norte construiu o seu programa nuclear debaixo dos olhos da comunidade europeia, não sei se pode recuar face ao seu tesouro de vida”. De resto, para Portas, “a presidência da Obama e Bush foram condescendentes com a capacidade de produção nuclear da Coreia do Norte”.
Sobre o futuro, adiantou que “se a Ásia foi a surpresa no século XX. Quem é que pode contribuir mais do que os 4% asiáticos para o crescimento global?”. A resposta é dada pelo próprio. “Eu acho que África é a resposta, mais do que a América Latina”. Para isso adianta, ” é preciso estabilidade politica, segurança jurídica dos contratos, e conseguir parcerias que assegurem transferência de tecnologia”.
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