Banco de Portugal volta a fiscalizar créditos da Parvalorem
Em causa está um crédito dado pelo BPN à Cofina, entretanto já foi liquidado, que foi transferido para a Parvalorem, o veículo público criado para gerir os créditos tóxicos do BPN.
Os créditos do antigo Banco Português de Negócios (BPN) que o Estado transferiu em 2012 para a Parvalorem voltam ao radar do Banco de Portugal (BdP). O regulador da banca vai voltar a investigar a carteira de crédito do BPN transferida para a entidade pública criada para gerir ativos tóxicos no seguimento da constatação da existência um crédito vivo de 20 milhões de euros da Cofina que escapou ao seu radar, avança o Público (acesso condicionado), nesta segunda-feira.
Em causa está um crédito dado pelo BPN à Cofina, que entretanto já foi liquidado, que foi transferido para a Parvalorem, o veículo público criado para gerir os créditos tóxicos do BPN. Operação vai levar o Banco de Portugal a revisitar os 739 milhões de euros que se encontram no veículo criado pelo Estado para gerir os ativos tóxicos do BPN.
O financiamento de 20 milhões foi concedido ao grupo de media pelo BPN a 26 de março de 2012, quando este ainda estava incorporado na Caixa Geral de Depósitos (CGD), garantido por uma livrança. O dinheiro terá servido para a empresa de Paulo Fernandes pagar uma dívida à CGD de igual montante. Na altura, o BPN era administrado por uma equipa da CGD chefiada por Francisco Bandeira, ex-vice-presidente do banco público.
O Público explica que esse crédito foi transferido três dias depois, a 29 de março de 2012, para a Parvalorem como um crédito em situação regular. O jornal diário dá conta que o movimento ocorreu ainda nas 24 horas que antecederam a assinatura do contrato de venda do BPN ao Banco BIC, agora EuroBIC.
Mas só em setembro, seis meses depois de ter transitado para a Parvalorem, o cliente do BPN foi notificado de que a sua relação comercial deixara de ser feita com o financiador de origem e passara para a Parvalorem, ainda que esta não estivesse, como ainda não está, autorizada pelo BdP a executar essas operações.
Segundo as contas da Parvalorem, a Cofina amortizou os 20 milhões de euros de dívida dentro dos prazos e nas condições contratadas à data em que os contraiu junto do BPN.
Este é um, entre outros exemplos, de clientes empresas e particulares do BPN, em situação regular, que viram, sem o seu conhecimento prévio, transitar os seus créditos para o gestor de ativos tóxicos. E, deste modo, a sua relação bancária escapou ao controlo do BdP.
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