Crise em Itália tira mais de 1,2 mil milhões de euros à bolsa portuguesa. BCP afunda mais de 8%

Em dia de pressão nas bolsas, Lisboa não passou ao lado. Perdeu mais de 2%, com o BCP a destacar-se. As ações do banco afundaram mais de 8%.

Itália continua a ser um foco de tensão. A instabilidade política fez disparar os juros da dívida dos países do euro, levando a uma forte queda das bolsas da região. Em Lisboa, o PSI-20 recuou pela sexta sessão consecutiva, num dia em que nenhuma cotada escapou à maré vermelha. Destaque para os títulos do BCP, que afundaram 8%. O banco perdeu mais de 300 milhões de euros só numa sessão.

O principal índice bolsista nacional fechou a desvalorizar 2,61% para 5.369,19 pontos, com todas as cotadas em terreno negativo, perdendo 1,2 mil milhões de euros em capitalização bolsista num só dia. Destaque para os títulos do BCP que fecharam nas perdas pela quinta sessão consecutiva. O banco liderado por Nuno Amado encerrou a perder 8,11% para 0,2392 euros, o valor mais baixo desde setembro de 2017. Só nas últimas cinco sessões, perdeu 15% do seu valor em bolsa.

Bolsa de Lisboa afunda. Segue quedas da Europa

“Em Portugal, o BCP é o titulo que mais desvaloriza na consequência da instabilidade política em Itália e com receios também de contágio a Portugal. A nível técnico quebra a linha de tendência de longo prazo, colocando a possibilidade de as perdas continuarem”, diz Carla Santos, gestora da XTB Portugal.

Entre as grandes cotadas, destaque ainda para a EDP que caiu 0,74% para 3,35 euros, representando uma perda de 90 milhões de euros em capitalização bolsista. A Galp Energia também manteve a mesma tendência e encerrou a desvalorizar 0,71% para 15,49 euros, no dia em que o barril de Brent está a cotar nos 75,05 dólares. A energética perdeu cerca de 85 milhões de euros num só dia.

A Jerónimo Martins foi a segunda das 18 cotadas nacionais que mais dinheiro perdeu em bolsa — cerca de 214 milhões de euros –, num dia em que fechou a cair 2,47% para 13,45 euros.

Esta sessão ficou marcada por uma forte aversão ao risco por parte dos investidores, numa altura em que as tensões políticas vividas em Itália afetaram todas as bolsas. Esta terça-feira, Sergio Mattarella recebe Carlo Cottarelli na sua residência oficial, altura em que este deverá apresentar a lista de nomes dos futuros ministros, apesar de todas as indicações de que a escolha do Presidente não deve passar no Parlamento. Desta forma, fica assim aberta a porta a eleições antecipadas.

Perante toda esta crise política, os investidores afastaram-se do risco italiano. O valor das obrigações emitidas por aquela que é uma das maiores economias do mundo — mas também uma das mais endividadas, com um total de 2,38 biliões de euros –, está a afundar. Assistiu-se a uma escalada das taxas de juro em todas as maturidades, com a yield a dois anos a aproximar-se do nível da taxa a cinco. E, no prazo a dez anos, a fasquia dos 3% já foi superada. Está em máximos de 2014.

Este cenário trágico nas taxas italianas levou os juros da dívida dos restantes países do euro atrás. Espanha sentiu também a pressão nos juros da dívida, assim como Portugal, que viu a yield associada às obrigações do Tesouro a dez anos nos 2,19%, um nível a que não chegava desde setembro. Em sentido inverso, reflexo da fuga ao risco, as taxas da Alemanha, país considerado refúgio em momentos de alta tensão nos mercados, caíram para 0,29%.

(Notícia atualizada às 17h15 com mais informação)

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