Merkel alerta em Braga para o desafio de encontrar mão de obra qualificada na Europa
Angela Merkel e António Costa inauguraram, em Braga, o novo centro de tecnologia e desenvolvimento da Bosch. Merkel alerta para o desafio que é a falta de mão de obra qualificada em toda a Europa.
Angela Merkel realçou a importância da cooperação entre Portugal e a Alemanha, destacando a importância do trabalho em rede para fomentar o futuro da Europa. E aproveitou para deixar alguns alertas, nomeadamente para a dificuldade que existe em toda a região em captar mão de obra qualificada.
Acompanhada pelo primeiro-ministro português, António Costa, a chanceler alemã, que ao início da tarde desta quarta-feira participou na cerimónia de inauguração do novo centro de tecnologia e desenvolvimento da Bosch, em Braga, sublinhou a importância de trabalhar no futuro da Europa.
“A nossa prosperidade [Europa] depende de sermos inovadores, pelo que é uma enorme alegria estar a trabalhar no futuro da Europa“, destacou Merkel para quem este “é um bom dia da cooperação luso-alemã”.
Merkel pôs ainda a tónica do seu curto discurso na dificuldade que existe em toda a Europa em captar mão de obra qualificada. E deixou um repto ao presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, e a todos os estudantes da Universidade do Minho para que “apostem nas profissões do futuro” e, sobretudo, que “respeitem o entusiasmo dos alunos”.
“A mão de obra qualificada é um enorme desafio para a Europa”, referiu para logo a seguir acrescentar: “A política de inovação tem sido bem-sucedida e os ecossistemas são muito importantes para a investigação aplicada”.
Merkel, que chegou a Braga pelas 15h50, acompanhada por fortes medidas de segurança, num Audi A6, considera que o desemprego é ainda um problema na Europa, e também em Portugal. Isto apesar de os dados divulgados pelo INE que mostram que a taxa de desemprego está em 7,5%, a mais baixa dos últimos 14 anos.
"A mão de obra qualificada é um enorme desafio para a Europa.”
A chanceler alemã esteve em Braga para inaugurar o novo centro de Tecnologia e Desenvolvimento da Bosch. Costa justificou o convite feito a Merkel para se deslocar até àquela cidade minhota porque “a Bosch não é uma empresa qualquer”, salientando que o grupo alemão é um bom exemplo do que melhor se faz em Portugal e, sobretudo, é um bom exemplo do “espírito europeu”.
Para Costa, mais importante ainda é “conseguir juntar recursos e saber com a consciência de que seremos capazes de o fazer melhor”.
“Não é só juntar países à volta da mesa do conselho para tomar decisões. É a capacidade de fazermos em conjunto, fazer melhor, e uma Europa que possa defender o seu modelo social, o seu standard de vida e o seu standard ambiental”, afirmou António Costa.
Já Dirk Hoheisl, membro do conselho de administração da Bosch, destacou a importância deste centro como um marco na ligação entre a “Universidade do Minho, a Bosch e o Governo português”.
Para o administrador da Bosch, os investimentos alemães “são também um sinal de confiança na mão de obra portuguesa”. Dirk destacou que vai “ter mais 200 engenheiros na área de sensores, numa clara visão de um mundo com mais mobilidade, sem acidentes e sem stress, numa crescente automação dos veículos”.
Hoheisel destacou ainda a importância da Bosch para Portugal, uma empresa que “representa 1% do PIB português e que emprega 4.500 colaboradores, 500 dos quais contratados no ano passado”.
Já para Carlos Ribas, administrador da Bosch Portugal, “a necessidade de um novo centro de T&D da Bosch em Braga, surge com a diversificação dos projetos de inovação na empresa, incluindo o desenvolvimento de software“.
A nossa prosperidade [Europa] depende de sermos inovadores, pelo que é uma enorme alegria estar a trabalhar no futuro da Europa.
Carlos Ribas afirma que “os novos projetos, bem como o investimento nas novas infraestruturas e na expansão das equipas, demonstram que a Bosch vêm um enorme potencial em Portugal, tanto pela competência dos seus profissionais como pela disponibilidade do Governo português para apoiar os projetos”.
Chega de Audi, parte de VW T-Roc
Merkel chegou a Braga poucos minutos depois da hora prevista (16h50), num automóvel de marca alemã, um Audi A6, e rodeada por cinco batedores da GNR.
A visita ao novo centro de tecnologia e desenvolvimento da Bosch, um investimento de perto de três milhões de euros, e onde irão trabalhar 220 pessoas até ao final do ano, começou de seguida. Mas só para alguns. A maior parte dos convidados e dos jornalistas teve que aguardar numa tenda nas imediações do centro de desenvolvimento da condução autónoma.
Entre os convidados, estava Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, Isabel Furtado, a recém-empossada presidente da Cotec, António Murta, presidente da Enabler, ou Valente de Oliveira, ex-ministro do PSD e atual presidente do conselho geral da Universidade do Minho, e ainda António Cunha, ex-Reitor da Universidade do Minho para só falar nos nomes mais sonantes.
Depois da visita, a chanceler alemã, muito sorridente, entrava finalmente no auditório para alertar para a necessidade de encontrar mão-de-obra qualificada em toda a Europa.
“Parece bem mais nova ao vivo”, eram alguns dos comentários dos convidados presentes na sala.
Merkel, que falou em alemão, foi ainda convidada por António Costa a descerrar a placa de inauguração do novo centro.
Numa empresa tão inovadora, e onde nos últimos três anos, foram investidos cerca de 200 milhões de euros, só faltava mesmo uma rede wi-fi para os jornalistas conseguirem trabalhar.
De Braga, Merkel que fica em Portugal, durante dois dias, seguiu para o Porto, noutro carro de marca alemã, desta feita produzido pela Autoeuropa, o Volkswagen T-Roc, acompanhada pelo primeiro-ministro, António Costa.
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