Startup portuguesa ensina aos patrões o que é blockchain
Nasceu a Blockbird Ventures, uma startup portuguesa que vai dar formação a patrões e engenheiros acerca da tecnologia blockchain. Já tem três clientes.
Muitos empresários portugueses estão cientes de que a blockchain vai desempenhar um papel relevante no futuro, de uma forma mais ou menos transversal. No entanto, poucos serão os que têm os conhecimentos necessários para perceber onde é que a tecnologia se pode encaixar no negócio, e se vale mesmo a pena o esforço. Foi para resolver esse problema que nasceu a startup portuguesa Blockbird Ventures, com o objetivo de “democratizar” o sistema que ficou conhecido por dar vida à moeda virtual bitcoin. Quer ensinar aos patrões o que é e como funciona a tão falada tecnologia.
A blockchain tem sido apontada como uma tecnologia emergente e com potencial para eliminar intermediários em cadeias de valor, ou permitir gerar confiança sem a necessidade de haver centralização. As aplicações que estão a ser exploradas um pouco por todo o mundo vão muito além do fenómeno das criptomoedas. E são várias as empresas multinacionais que se encontram a testar a blockchain para fins tão variados como a garantia de direitos de autor na música, ou o registo do percurso de produtos desde a fábrica até ao consumidor final.
Concretamente, a Blockbird Ventures arranca agora com uma equipa fundadora multidisciplinar, na qual se inclui o diretor de tecnologia do Novo Banco, Pedro Martins, e Miguel Pupo Correia, professor associado no Instituto Superior Técnico (IST). Além das formações teóricas a diretores de primeira e segunda linha, a empresa também vai levar a cabo formações mais técnicas para engenheiros. Conta ainda com um ramo de consultoria e com um hub para trazer para a realidade alguns projetos que nascem no IST e que, de outra forma, não teriam oportunidade de sair do papel. No futuro, tenciona criar uma academia para dar formações ao público em geral.
Percebemos que os diretores de primeira e segunda linha querem estar ligados à blockchain. Mas, para poderem decidir alguma coisa, primeiro têm de perceber a tecnologia.
“Os diretores ainda têm dificuldade em perceber o que é a tecnologia blockchain”, diz ao ECO José Figueiredo, cofundador da Blockbird Ventures. “Desenvolvemos seis cursos para formar diretores de primeira e segunda linha — não são cursos técnicos — e temos cursos para os próprios engenheiros”, explica. “Depois, há empresas que querem contratar alguém para desenvolver a tecnologia. Para isso, temos o braço de consultoria da empresa”, continua.
Questionado sobre a origem do financiamento desta nova startup portuguesa, José Figueiredo indica que a equipa foi capaz de “fechar três contactos” com empresas que estão interessadas em implementar blockchain. “Através do nosso estúdio, fechámos três clientes de pequenas dimensões. São startups que estão a querer lançar projetos em blockchain”, diz o cofundador da Blockbird Ventures. Terão sido estes primeiros clientes a permitir que a equipa desenvolvesse o modelo de negócio num trabalho levado a cabo “nos bastidores”, ao longo “dos últimos três meses”.
“Percebemos que os diretores de primeira e segunda linha querem estar ligados à blockchain. Mas, para poderem decidir alguma coisa, primeiro têm de perceber a tecnologia”, conta José Figueiredo, em conversa com o ECO. Por isso, os cursos que a recém-criada empresa desenvolveu começam por estar adaptados “ao processo de decisão” de uma companhia. “Primeiro, é preciso compreender a tecnologia. Depois, vamos analisar se a tecnologia se aplica ou não à empresa. De seguida, olhamos para o que se pode fazer”, detalha o cofundador.
Entre os projetos em que a Blockbird Ventures já está a trabalhar estão dois conceitos na área da energia e outro na área da saúde. Este último está ainda relacionado com dados pessoais, segurança e privacidade dos utilizadores. José Figueiredo não hesita em levantar um pouco mais o véu à ideia: “Na área da saúde, não existe uniformização de dados entre as diferentes entidades. E qualquer pessoa no hospital tem acesso aos dados críticos de saúde dos clientes”, diz.
A empresa admite ainda vir a candidatar-se a fundos europeus, mas não vai participar no concurso Govtech, lançado pelo Governo em maio, que visa investir em empresas com conceitos inovadores e através do qual o próprio Governo se encontra a testar a tecnologia blockchain.
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