Portugal vai parar à hora do almoço para ver o jogo. E a economia?

A seleção joga às 13 horas contra Marrocos. A partida acerta em cheio na hora do almoço, mas a economia pode escapar ao impacto da paragem de alguns trabalhadores.

Portugal defronta esta quarta-feira Marrocos, a única partida que acontece dentro do horário útil. Quando o árbitro apitar em Moscovo, em Lisboa é hora de almoço. Lá, Marcelo Rebelo de Sousa vai puxar pela seleção. Cá, há empresas a criar um espaço para que os trabalhadores possam ver o jogo. No final, o PIB sai a ganhar ou a perder? Uma coisa pode compensar a outra.

Na primeira fase do Campeonato Mundial de futebol, Portugal tem três partidas com Espanha, Marrocos e Irão, as restantes equipas do Grupo B. Com Espanha e com o Irão, os jogos foram marcados para as 19 horas. Já com Marrocos, a partida está agendada para as 13 horas em Lisboa, mais duas em Moscovo.

Se os encontros ao final da tarde ficam fora do horário laboral da maior parte dos trabalhadores, o jogo que acontece hoje acerta em cheio no meio de um dia de trabalho, embora o facto de ser à hora do almoço dê uma ajuda na hora de decidir como torcer pela seleção.

A pensar nisto há empresas que decidiram assumir que os trabalhadores vão querer aproveitar a paragem para almoço para apoiar Portugal. A Galp, uma das patrocinadoras oficiais da seleção nacional, decidiu abrir o auditório principal da sede e montar um espaço tipo lounge, com um almoço ligeiro e bebidas (não alcoólicas), para todos os que quiserem ver o jogo e torcer pela seleção em conjunto, disse ao ECO fonte oficial da petrolífera.

A partida dura 90 minutos, mais do que o tempo que muitas vezes os trabalhadores gastam na hora de almoço. Mas será que a paragem de quem quiser ver o jogo afeta a economia? Rui Bernardes Serra, economista-chefe do Montepio, desvaloriza.

“O impacto deverá ser negligenciável”, diz ao ECO. “Por um lado, muitas atividades decorrerão normalmente, como será nos casos das linhas de produção ou dos espaços de atendimento ao público. Noutras atividades poderá haver um prolongamento da hora de almoço para se poder assistir ao jogo, mas esses tempos perdidos poderão ser compensado no próprio dia ou nos dias adjacentes”, explica o economista.

"Muitas atividades decorrerão normalmente, como será nos casos das linhas de produção ou dos espaços de atendimento ao público.”

Rui Bernardes Serra

Economista-chefe do Montepio

Ainda assim é possível medir quanto custa esta paragem? Mesmo que houvesse uma perda de produção de uma hora (cerca de 0,2% das horas trabalhadas no trimestre) por parte de 20% da força de trabalho do país sem ser “compensada”, tal representaria uma queda apenas de 0,05% do PIB do trimestre. Sendo o crescimento do PIB divulgado a duas casas decimais, seria uma variação negligenciável”, calcula o responsável pelo departamento que faz os estudos económicos no Montepio.

Além disso, o que uma paragem no trabalho pode tirar em certos setores pode dar noutros. “Existem atividades que têm iniciativas relacionadas com o Mundial de futebol que poderão ter uma “carga” de trabalho adicional, mitigando os efeitos negativos” naquelas onde a mão-de-obra pode parar, acrescenta o economista-chefe.

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