PSD e PS colaboram com investigação. Consequências políticas só com “factos apurados”
Vários membros do PSD e do PS são suspeitos de crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento proibido.
O PSD e o PS confirmam as buscas que estão a ser levadas a cabo pela Polícia Judiciária em vários edifícios dos dois partidos, por suspeitas de corrupção, e asseguram ambos que estão a colaborar com as autoridades. O secretário-geral do PSD, José Silvano, diz que a visita dos investigadores à sede nacional do partido foi recebida “com surpresa”, mas defende o “direito de saber a verdade” por parte dos portugueses e garante ainda que os factos investigados tiveram lugar antes da eleição de Rui Rio como líder do partido.
As declarações do secretário-geral dos sociais-democratas surge depois de a Sábado ter avançado a Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária e o Ministério Público estão a fazer buscas na Comissão Distrital de Lisboa do PSD e na Concelhia de Lisboa do PS. Estão também a ser alvo de buscas os serviços centrais da Câmara de Lisboa, as juntas de freguesia do Areeiro, Santo António e Estrela.
A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa confirmou, entretanto, estas investigações, adiantando que foram feitas cerca de 70 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo a escritórios de advogados, autarquias, sociedades e instalações partidárias, em várias zonas do país.
“Segundo os fortes indícios recolhidos apurou-se, no essencial, que um grupo de indivíduos ligados às estruturas de partido político desenvolveram entre si influências destinadas a alcançar a celebração de contratos públicos, incluindo avenças com pessoas singulares e outras posições estratégicas”, detalhou a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa. Há suspeitas de crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento proibido.
Foi na sequência destas informações que José Silvano falou em conferência de imprensa. “Esta investigação que está a decorrer é sobre factos anteriores à eleição deste líder“, disse, em declarações transmitidas pela SIC Notícias. “Rui Rio e eu próprio assumimos publicamente três princípios: não tínhamos medo de nada nem de ninguém, porque o passado e presente falam por nós; o mandato para que fomos eleitos teria como foco principal o combate à corrupção, ao compadrio e à falta de transparência na política; e nunca colocaríamos qualquer obstáculo à procura da verdade, doesse a quem doesse”, sublinhou também.
"O que dizem os estatutos do PSD é que quem for condenado em trânsito em julgado é afastado. Até lá, têm o direito de se defender. Só atuaremos em termos políticos no final dos factos apurados.”
Quanto aos factos investigados, o secretário-geral do PSD diz não saber do que se tratam, nem quem são os responsáveis do partido que são suspeitos de atos de corrupção. Assim, acrescenta, só poderá haver consequências políticas, como o afastamento dos que estão envolvidos nestas suspeitas de corrupção, se houver factos apurados. “O que dizem os estatutos do PSD é que quem for condenado em trânsito em julgado é afastado. Até lá, têm o direito de se defender. Só atuaremos em termos políticos no final dos factos apurados”, salientou,
Seja como for, admite: “Se houver qualquer facto que leva à falta de confiança do partido, seremos os primeiros a tomar medidas“.
PS está a dar “toda a informação”
Do lado do PS, ainda não há uma comunicação oficial ao país, mas o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Duarte Cordeiro, assegura à Sábado que o partido está a colaborar com as autoridades.
“Ainda não falei com ninguém da Polícia Judiciária, por isso ainda não tenho conhecimento do que se trata. Mas sei que, do nosso lado, está a ser dada toda a informação pedida”, afirmou a esta revista.
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