Robôs ganham terreno no setor dos serviços e já trabalham em restaurantes

  • Marta Santos Silva
  • 19 Setembro 2016

Empresas norte-americanas apostam na automação de cada vez mais tarefas. Já em Singapura, o próprio governo incentiva o uso de robôs para trabalhos qualificados.

As caixas de pagamento automático já se tornaram comuns nos supermercados portugueses mas, nas cadeias norte-americanas, a automação dos serviços está a chegar a outras tarefas. Enquanto o gigante dos hipermercados Walmart patenteou um carrinho de compras que conduz sozinho e pode ajudar a arrumar produtos ou recolher lixo, a cadeia de bricolagem Lowe’s anunciou que vai ter robôs a circular por várias das suas lojas em São Francisco, prontos a ajudar os clientes.

O Business Insider escreve, esta segunda-feira, sobre o alargamento da automação a novos tipos de trabalho em lojas, restaurantes e supermercados dos Estados Unidos. O desenvolvimento de robôs cada vez mais avançados permite que estes realizem tarefas complexas que antes lhes eram inalcançáveis. Várias tecnológicas têm investido na criação de robôs com maior destreza, capazes de fabricar comida, por exemplo, como é o caso das startups Zume e Moley Robotics ou da gigante japonesa Kawasaki.

A automação nos hipermercados e restaurantes de comida rápida é particularmente relevante nos Estados Unidos, numa altura em que decorre um debate a nível nacional sobre o salário mínimo, com vários estados que já optaram por aumentá-lo. Em empresas onde muitos dos trabalhadores recebem perto do salário mínimo, é preciso procurar estratégias para não perder dinheiro com esta subida. Uma das sugeridas pela Harvard Business Review, em agosto, foi a automação de algumas das tarefas atualmente desempenhadas por pessoas de forma a aumentar a produtividade.

Já em Singapura, onde as máquinas já fazem de enfermeiras em hospitais, o principal impulso para o uso de robôs no máximo de tarefas possível é impulsionado pelo próprio governo, conta esta segunda-feira o Financial Times. À medida que a pequena cidade-estado do sudeste asiático restringe cada vez mais a entrada de imigrantes, é difícil encontrar trabalhadores disponíveis, problema que levou o governo a disponibilizar subsídios para ajudar as empresas a comprar e experimentar robôs que compensem a escassez de mão de obra.

Nalguns restaurantes, por exemplo, a loiça suja das mesas já é levantada por máquinas com inteligência artificial. Embora não consigam ainda agarrar por si próprios nos pratos e talheres, os robôs transportam um tabuleiro e perguntam aos clientes: “Poderia ajudar-me a levantar a sua mesa?” Para Kannan Thangaraj, gerente de um dos restaurantes de Singapura que já usa esta tecnologia, a solução é “muito útil”, explicou ao Financial Times. “Os clientes voltam só por causa do robô. Gostam de o ver”.

O preço do automatismo

No orçamento deste ano, o governo de Singapura prometeu alocar 295 milhões de euros para investir, ao longo dos próximos três anos, em incentivos para fazer chegar a automação a pequenas e médias empresas. E não é apenas a servir às mesas que estes robôs se tornaram úteis. No Hospital Mount Elizabeth Novena, uma tecnologia de inteligência artificial desenvolvida pela IBM foi adaptada para servir de “enfermeira” e ajudar a monitorizar a pressão sanguínea e ritmo cardíaco dos doentes, permitindo saber a probabilidade de a sua condição piorar, dando o alerta se for o caso.

O que significam estas inovações para os trabalhadores? Nos Estados Unidos, as lojas que estão a investir mais na implementação destes sistemas, como o Walmart e a Lowe’s, insistem que o objetivo é que os empregados humanos possam dedicar-se mais a outras tarefas, e não necessariamente a redução da mão de obra. No entanto, um estudo da consultora Forrester, divulgado na semana passada pelo jornal britânico The Guardian, prevê que, em 2021, as máquinas com inteligência artificial já detenham 6% dos postos de trabalho atuais nos EUA. O maior impacto, segundo a Forrester, far-se-á sentir nas áreas dos transportes, da logística e dos serviços de apoio ao cliente e ao consumidor.

Até lá, as vendas de robôs destinados ao setor dos serviços continuam a subir lentamente, com uma popularidade muito inferior à dos robôs dedicados à indústria. Números da International Federation of Robotics revelam que se venderam 22 mil unidades de robôs para o setor dos serviços em 2015, enquanto no setor industrial se venderam mais de 248 mil unidades.

Editado por Mariana de Araújo Barbosa.

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