Morais Pires montou esquema que permitiu a Salgado tirar 3 mil milhões do BES
Morais Pires, ex-administrador financeiro do BES, é acusado de ter sido o pai de um esquema financeiro que colocou em prática, com o aval de Ricardo Salgado.
O Banco de Portugal, na acusação contra os responsáveis pelo colapso do Banco Espírito Santo (BES), aponta Morais Pires, ex-administrador financeiro do BES, de ter sido o pai de um esquema financeiro que colocou em prática, com o aval de Ricardo Salgado e o apoio de Isabel Almeida, uma diretora do BES, e que terá permitido retirar três mil milhões de euros do banco, entre 2009 e 2014.
O Expresso (acesso pago), que já na semana passada tinha revelado que o BdP acusou os responsáveis pela queda do BES, conta agora que Morais Pires “concebeu, deu instruções para a implementação e acompanhou a execução de um plano, o qual foi aprovado e acompanhado (…) por Ricardo Salgado”, através do qual o diferencial entre o que os clientes pagaram e o que o BES recebeu foi apropriado pela Eurofin, refere o documento de quase 400 páginas obtido pelo Expresso.
A Eurofin recorria a outras sociedades, como a Zyrcan, a Martz Brenan, a ECI e a ECT, para realizar as operações que eram decididas na sede do BES, em Lisboa. É convicção do BdP que, apesar de a Eurofin ser a dona daqueles veículos, eram Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires e funcionários do BES do Departamento Financeiro, de Mercado e de Estudos (DFME) que os controlavam e geriam.
Estas operações que foram feitas com o total desconhecimento dos outros administradores. E os ganhos foram usados “em larga medida” para “servir os interesses exclusivos do Grupo Espírito Santo (GES), sacrificando o património do BES, o dos seus depositantes, investidores e demais credores”, concluiu a acusação do BdP.
A Eurofin foi usada durante anos para, pelo menos, seis objetivos diferentes:
- Esconder e financiar investimentos da família Espírito Santo;
- Financiar investimentos de pessoas e entidades próximas do GES, ou seja, os amigos;
- Esconder ativos de elevado risco de desvalorização;
- Manipular o valor e procura das ações do BES e da Espírito Santo Financial Group (ESFG);
- Esconder participações sociais estratégicas do GES;
- E para pagar salários, bónus e comissões.
Estas e as outras acusações constantes neste processo já são do conhecimento do Ministério Público que tem colaborado com o BdP nas investigações a Ricardo Salgado.
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