Portugal faz primeiro concurso de exploração de lítio até ao final do ano
Tendo em conta o interesse de vários players mundiais, após descobertas promissoras reservas, Portugal vai lançar ainda este ano o primeiro concurso de prospeção de lítio.
Vem aí um concurso para a atribuição de licenças de prospeção de lítio, um recurso essencial para as baterias dos carros elétricos, por exemplo. Seguro Sanches revela, em entrevista à Reuters, que esse concurso acontecerá até ao final deste ano, com o Estado português a procurar capitalizar o interesse de players mundiais, depois de descobertas promissoras reservas desta matéria-prima.
“Há imensas empresas de países com setores mineiros muito fortes — Austrália, Canadá, EUA e europeias — que nos têm vindo procurar para conhecer mais sobre este projeto de concurso que estamos a desenvolver”, disse o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, à Reuters.
Portugal está no top seis dos maiores produtores de lítio do mundo, durante o ano de 2017, contando com 400 toneladas anuais exclusivamente para a indústria cerâmica. “É um dos países do mundo com maior potencial”, acrescentou Seguro Sanches, lembrando que é a primeira vez que se faz um concurso deste género no país.
As novas descobertas de reservas estão a atrair players globais, tendo o Governo já recebido mais de 40 pedidos de licenças de prospeção de lítio. “Temos tido contactos a todos os níveis, desde as empresas mais conceituadas do mundo, empresas de dimensão mais pequena, a empresas nacionais. Temos trabalhado com um bom nível de informação com todas elas, o que significa que estamos otimistas quanto aos resultados”, disse.
Um relatório do Governo de março de 2017 referia que a Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) fez o mapeamento das localizações das áreas correspondentes aos pedidos e contratos, “tendo sido possível definir 11 campos, que configuram as zonas de potencial interesse das empresas”.
O mesmo relatório avançava 29,7 milhões de toneladas de reservas prospetadas em Portugal, com 0,81% de teor médio de óxido de lítio, mas as recentes prospeções de duas empresas referem juntamente quase o dobro e com teores superiores. Em março de 2017, segundo este documento, “um conjunto de 23 pedidos tinha um valor de investimento inerente de 3.254,40 milhões de euros”.
Governo quer uma “fileira completa”
Seguro Sanches frisou que “esta é uma oportunidade de não só extrair o lítio em Portugal, mas desenvolver um setor que tem a ver com a área metalúrgica e, também, com a mobilidade e com a área das baterias elétricas”. “Se conseguirmos ter a fileira o mais completa possível — prospeção, exploração, transformação, baterias e mobilidade elétrica — esses são os projetos que, à partida, fazem mais sentido estar a valorizar”, realçou.
Quanto ao critério do concurso, Seguro Sanches explicou que não se trata do critério “normal, de quem está disponível para pagar mais em termos de ‘royalties'”. Em vez disso, “quem estiver disponível para criar as melhores condições económicas e industriais no país é quem vai ficar com as concessões“.
O secretário de Estado revelou, também que as empresas do setor automóvel têm estado a fazer parte das conversações, destacando-se a Volkswagen AutoEuropa como uma das maiores exportadoras do país. No entanto, uma fonte oficial da fabricante de automóveis não quis comentar se Portugal figura nos seus planos para e-cars, apesar de ter dito que a empresa está em constante contacto com fornecedores para garantir um fornecimento de matéria-prima sustentável e de longo prazo para o seu programa de e-mobilidade.
O Executivo está também a olhar as baterias para armazenamento de eletricidade gerada por painéis solares em casas, que permitirá às famílias consumirem à noite a energia produzida durante o dia, quando estão a trabalhar. “Há aqui um grande potencial que se vai desenvolver nos próximos anos e no qual estamos a trabalhar”, disse, acrescentado que Portugal quer estar na linha da frente do armazenamento de energia.
(Notícia atualizada com mais informações às 11h45)
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