Estas são as três perguntas que os investidores mais fazem à Moody’s sobre Portugal
Faltava só a Moody's, mas já não falta. A agência tirou o país de "lixo", mas os investidores mantêm-se cautelosos. Daí que façam muitas perguntas sobre a economia, a dívida e a o rating.
A Moody’s tirou Portugal de “lixo”. O país passou, assim, a ter rating de qualidade junto das três principais agências de notação financeira, algo que não acontecia há mais de sete anos. Mas nem por isso os investidores deixam de ter o “pé atrás” relativamente à dívida portuguesa. E, na dúvida, fazem perguntas.
No seguimento da revisão da notação financeira, a agência norte-americana compilou as três principais questões levantadas pelos investidores. Do crescimento da economia à sua resiliência, mas também aos riscos associados ao fardo dívida nacional, a Moody’s respondeu, procurando acabar com alguns dos receios.
Leia as perguntas que foram feitas e as respostas dadas pela agência, incluindo a justificação para não ter colocado a perspetiva do rating em “positivo”.
A economia está preparada para um novo choque?
“Apesar de a economia portuguesa beneficiar do crescimento da Europa, o saudável mercado laboral e a robusta confiança dos consumidores levaram à manutenção de um robusto consumo privado, daí a recuperação da confiança após a incerteza provocada pelas eleições legislativas no arranque de 2016 que também ajudou a fazer aumentar o investimento para uma taxa de crescimento de cerca de 9% em 2017“, diz a Moody’s.
“Além disso, uma contribuição mais expressiva por parte das exportações acelerou ainda mais as perspetivas de crescimento e ajudou a rebalancear a economia rumo aos setores transacionáveis. Os ganhos de quota nas exportações em relação aos pares regionais, tanto em termos de bens como de serviços, tornam mais resilientes as perspetivas para as exportações”, sublinha.
Os riscos associados ao elevado endividamento do país estão a diminuir?
“O compromisso do Governo em manter o défice abaixo dos 3%, a estabilidade das perspetivas de crescimento económico e a queda dos riscos associados ao setor financeiro e a política interna sustentam as nossas expectativas de que a dívida continuará a cair para 116% do PIB em 2021, uma quebra de 13 pontos percentuais face ao final de 2016“, diz a agência de notação financeira, tentando desanuviar os receios dos investidores.
“Esta tendência de descida da dívida também se mostra relativamente robusta num contexto de subida ligeira das taxas de juro“, acrescenta a agência.
Porque é que a perspetiva do rating está ‘estável’ em vez de ‘positiva’?
“Uma perspetiva ‘positiva’ para o rating assentaria em excedentes primários [que excluem os encargos com a dívida] mais elevados que permitiriam um acelerar da descida do fardo da dívida. No entanto, a capacidade de o Governo em alcançar esses excedentes mais elevados enfrenta obstáculos“, diz a Moody’s.
“A pressão para aumentar salários da Função Pública e a necessidade de repor alguns dos cortes no investimento para garantir a qualidade dos serviços públicos” impedem o Executivo de António Costa de “gerar esses excedentes que abririam a porta à redução da dívida”, remata.
Além disso, a Moody’s aponta ainda os “constrangimentos estruturais” na economia como fatores impeditivos de uma perspetiva ‘positiva’ para o rating. Entre esses constrangimentos, a agência salienta o “elevado endividamento das empresas, que terá impacto no investimento, enquanto os elevados níveis de trabalhadores pouco qualificados vai pesar na produtividade”.
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