Like & Dislike: António Domingues tem de fazer um stop loss

António Domingues perdeu 700 mil euros a especular em bolsa e fez um stop loss. Não terá chegado a hora de fazer o mesmo na Caixa?

Já não há paciência para a novela da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Como dizia Marques Mendes na SIC, “desamparem a loja, deem lugar a outro”.

Até o impávido e sereno Faria de Oliveira, que nunca levanta a voz, veio hoje protestar, e bem, contra aquilo que se passa na Caixa. Diz o Presidente da Associação dos Bancos ao jornal Público que é “hora de pôr um ponto final a todas estas questões”, acrescentando que “este ruído é muito negativo para a Caixa e para o setor bancário”.

E quando Faria de Oliveira vem a terreiro falar é porque os outros banqueiros já estão realmente enfastiados com esta novela.

Dizem os jornais que hoje a administração de António Domingues volta a reunir-se para debater o assunto, e que já estará a preparar o argumentário a entregar ao Tribunal Constitucional (TC) para justificar a não entrega das declarações de rendimento e património.

É inútil esta tentativa de António Domingues de lutar contra os moinhos de vento. Mesmo que possa convencer os juízes do TC da bondade dos seus argumentos –- o que é altamente improvável dado que existe uma lei de 1983 que dá pouca margem para interpretações -– a verdade é que os partidos com assento no Parlamento (e também por sugestão de Marcelo) já vieram dizer que nesse cenário pouco provável vão propor uma alteração à lei para que não haja dúvida que Domingues tem de cumprir com os seus deveres de transparência. Não seria uma lei retroativa, mas seria retrospetiva, o que para este caso vai dar ao mesmo.

O que António Domingues tem de fazer nesta altura –- porque já está a prejudicar mais do que a ajudar a Caixa -– é fazer uma gestão de prejuízos e tentar sair deste buraco em que se meteu com alguma dignidade institucional.

Há duas semanas o Expresso noticiava que António Domingues tinha investido, a título pessoal, num derivado financeiro que funcionava como colateral de um Credit Default Sawps, sendo que o investimento estava indexado a obrigações emitidas por três bancos espanhóis. NÃO TENTE FAZER ISTO EM CASA!

Quando se deu a crise na Grécia e os mercados começaram a abanar, Domingues começou a perder muito dinheiro. Até que resolveu ativar uma cláusula do contrato muito comum na negociação dos derivados, a chamada cláusula do stop loss; ou seja, assumia que não ia recuperar aquilo que entretanto já perdeu, mas também não iria perder mais dinheiro. Saiu do negócio com uma perda de 700 mil euros.

É tão só isto que António Domingues tem de fazer na gestão da Caixa. Há uma perda reputacional que não vai recuperar, e há uma batalha jurídica que não vai vencer. Mas ainda vai a tempo de fazer um spot loss e estancar os prejuízos, para ele e sobretudo para o banco público. Enquanto isto não acontecer António Domingues continua a merecer um Dislike.

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