Embraer e Boeing criam nova empresa de aviação comercial
Termos da parceria foram aprovados esta segunda-feira, cuja execução depende do governo brasileiro. Bolsonaro já se manifestou a favor do acordo.
A fabricante de aeronaves brasileira Embraer e a gigante norte americana Boeing anunciaram esta segunda-feira que aprovaram os termos da parceria para criar uma nova empresa de aviação comercial, cuja execução depende de aprovação do Governo brasileiro.
“De acordo com a parceria proposta, a Boeing deterá 80% de participação na joint venture pelo valor de 4,2 mil milhões de dólares [3,7 mil milhões de euros]. A expectativa é que a parceria não terá impacto no lucro por ação da Boeing em 2020, passando a ter impacto positivo nos anos seguintes”, diz um comunicado conjunto da Embraer e da Boeing divulgado para investidores.
As duas empresas informaram que a joint venture criada para a fabricação de aviões comerciais, que deve absorver toda a operação atual da Embraer voltada para este segmento incluindo a fábrica localizada na cidade portuguesa de Évora, deve gerar sinergias anuais de cerca de 150 milhões de dólares [132,2 milhões de euros] – antes de impostos – até o terceiro ano de operação.
“Após concluída a transação, a joint venture da aviação comercial será liderada por uma equipa de executivos sediada no Brasil, incluindo um presidente e CEO. A Boeing terá o controlo operacional e de gestão da nova empresa”, acrescentou o comunicado.
Além disso, a Embraer terá poder de decisão para alguns temas estratégicos, como a transferência das operações do Brasil.
O acordo foi divulgado uma semana depois de o Tribunal Regional Federal da 3ª região (TRF3) do Brasil ter revogado uma decisão provisória que impedia a negociação.
A Embraer foi privatizada no ano de 1994, mas o Governo brasileiro detém uma ação especial chamada “golden share” que permite vetar quaisquer negócios firmados pela empresa.
O Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, já manifestou-se publicamente a favor do acordo que vem sido discutido há meses pelas duas empresas.
Se as autoridades do poder executivo do Brasil aprovarem o acordo ele será submetido aos acionistas e as autoridades regulatórias, “bem como a outras condições pertinentes à conclusão de uma transação deste tipo”, destacou o comunicado.
“A Boeing e a Embraer possuem um relacionamento estreito graças a mais de duas décadas de colaboração. O respeito mútuo e o valor que enxergamos nesta parceria só aumentou desde que iniciamos discussões conjuntas no começo deste ano”, disse Dennis Muilenburg, presidente, chairman e CEO da Boeing.
“Estamos confiantes que esta parceria será de grande valor para o Brasil e para a indústria aeroespacial brasileira como um todo. Esta aliança fortalecerá ambas as empresas no mercado global e está alinhada à nossa estratégia de crescimento sustentável de longo prazo”, acrescentou Paulo Cesar de Souza e Silva, presidente e CEO da Embraer.
As empresas informaram também que chegaram a um acordo sobre os termos de uma segunda joint venture para promover e desenvolver novos mercados para o avião militar KC-390.
A parceria proposta indica que a Embraer poderá deter 51% de participação desta joint venture e a Boeing os 49% restantes. Esta transação também está sujeita à aprovação do Governo brasileiro.
A expectativa da Embraer e da Boeing é de que a negociação destes acordos, se seguirem o cronograma previsto, deve ser concluída até o final de 2019.
A Embraer mantém unidades industriais, escritórios, centros de serviço e de distribuição de peças, entre outras atividades, nas Américas, África, Ásia e Europa.
Em Portugal, no Parque de Indústria Aeronáutica de Évora funcionam duas fábricas da Embraer, sendo que a empresa também é acionista da OGMA (65%), em Alverca.
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