Tecnológica Fever vai investir 5 milhões em co-organização de eventos em Portugal
A ‘startup’ tecnológica Fever vai investir até cinco milhões de euros em co-organização de eventos, como festivais de música, em Portugal e garante que sucesso está garantido.
A ‘startup’ tecnológica Fever vai investir até cinco milhões de euros em co-organização de eventos, como festivais de música, em Portugal e garante que com a sua ‘bola de cristal’, ou seja, análise de dados, o sucesso das iniciativas está garantido.
Depois de cerca de cinco meses de atividade em Lisboa, através de recomendações de atividades de lazer, Gil Belford, líder da equipa em solo nacional, revela que os cinco milhões de euros deverão ser investidos nos próximos 24 a 36 meses.
Mas há vontade de em 2019 “se montar uma ou duas produções de grande escala” e um convite foi já feito: “Estamos completamente abertos a propostas de outros promotores, que tenham ideias e que colocaram na gaveta porque acharam que eram doidas demais”.
É que na Fever garante-se conseguir tirar dúvidas, com uso de tecnologia, sobre se um conceito “é mesmo doido ou tem pernas para andar” e deixam os números falar por si: nos grandes eventos, destinados a pelo menos 10 mil pessoas, costuma faturar “mais do que um milhão de dólares”.
“Também é essa a expectativa que temos com estes cinco milhões” em Portugal, acrescenta o responsável à Lusa, notando que antes de “investir o primeiro euro num evento consegue-se utilizar a bola de cristal dos dados para perceber se terá ou não procura”.
Fazendo o paralelismo com o funcionamento da distribuidora e criadora de conteúdos audiovisuais Netflix, a Fever explica que através da sua audiência de milhões de pessoas recolhe informação agregada.
“Validamos conceitos através da nossa audiência”, diz Gil Belford, que à questão legal de proteção de dados lembra que o principal interesse é por dados agregados e que apesar de existir um ‘login’ (entrada) através de redes sociais não se recolhem dados identificáveis.
O utilizador seleciona os interesses, a aplicação “vai aprendendo com o consumo agregado da cidade” e os dados agregados servem para identificar tendências de consumo e para a tal ‘bola de cristal’.
No ano passado, a ‘bola de cristal’ obrigou a repensar o festival de música Jardin de Las Delicias, em Madrid, porque o plano original era alcançar 10 mil pessoas e acabaram vendidos 16.300 bilhetes.
Isabel Solano, responsável pela área dos Fever ORIGINALS, as produções próprias da empresa, nota, por seu lado, que na base do sucesso esteve a análise de dados em detrimento de preferências, gostos pessoais ou ‘rankings’ “não relevantes”.
De passagem por Lisboa, a responsável acrescenta que uma das ideias para a capital nacional é “produzir um festival de música” e que será usada a análise de dados para decidir o cartaz, como em Madrid.
Nestes eventos tenta-se “otimizar o envolvimento e minimizar o risco”, segundo Isabel Solano, que garante que com o tratamento de dados cria-se um ‘line-up’ de um festival com apenas 100 mil euros para uma audiência de mais de 16 mil pessoas.
Outro caso de sucesso é uma ‘fuga’ à moda da série Casa de Papel, que desde outubro garantiu a venda de 60 mil bilhetes.
Lisboa foi a 13.ª cidade de implementação da Fever, cuja atividade se desdobra por recomendações e organização de eventos, garantindo lucro através de comissões de vendas.
A chegada foi feita com financiamento da Portugal Ventures e Caixa Capital, não divulgado.
Atualmente, a equipa conta com 12 pessoas, mas Lisboa está prestes a ser a ‘casa’ de mais gente, com a criação de um polo tecnológico, o único fora da sede da empresa em Madrid.
O arranque será feito com a contratação de três engenheiros, mas o objetivo é “escalar a equipa até 10/15 pessoas”, o que “acontecerá o mais rapidamente possível”, garantiu o responsável para Portugal.
Questionado sobre outros planos para Portugal, Belford admitiu que o Porto entra na lista de “excelentes alvos”.
No final de agosto, a ‘startup’ informou ter recebido um financiamento de 20 milhões de dólares (sensivelmente 17 milhões de euros), numa ronda co-liderada pela Atresmedia, produtora da série Casa de Papel, e pela Labtech, empresa do ramo imobiliário com foco na tecnologia.
A ronda de financiamento contou também com a participação dos já investidores Accel Partners e 14W Ventures, além da Portugal Ventures e da Caixa Capital.
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