Críticas à “frente de esquerda” marcam apresentação da moção de Santana no congresso do Aliança
Ao contrário do esperado, a moção de estratégia não foi apresentada por Santana Lopes, mas pelos membros da Comissão Instaladora da Aliança, que deixaram duras críticas ao Governo.
A moção de estratégia global cujo primeiro subscritor é o líder da aliança, Pedro Santana Lopes, foi este sábado apresentada ao primeiro congresso do partido como “uma alternativa patriótica”, e com duras críticas ao Governo de António Costa.
Ao contrário do esperado, o documento não foi apresentado por Santana Lopes, mas pelos membros da Comissão Instaladora do partido Bruno Ferreira da Costa e Ana Pedrosa Augusto, que é também porta-voz da Aliança.
Ao longo da apresentação a duas vozes, de meia-hora, não faltaram críticas à “frente de esquerda” e a António Costa, querendo o partido afirmar-se como “uma alternativa de Governo” após as próximas eleições legislativas.
Na opinião dos dirigentes, “Portugal não pode continuar subjugado a este Governo da frente de esquerda, e isso é um caminho claro”, e por isso este “é um momento de libertação de uma agenda ideológica de destruição” da história e do património do país.
“Tudo faremos para constituir uma verdadeira alternativa patriótica que substitua a frente de esquerda, estamos aqui para governar”, disse aos delegados Ana Pedrosa Augusto, acrescentando que “este é o momento em que a Aliança assume as suas responsabilidades”.
Numa apresentação em que os dois membros da Comissão Instaladora falavam alternadamente, Bruno Ferreira da Costa considerou que o partido é uma alternativa “de confiança, credível e responsável”, e é assim que se posiciona “no sistema político e eleitoral”.
Considerando que a “necessidade de um novo partido está à vista”, Bruno Ferreira da Costa salientou que a Aliança é “um partido de gente comum, sem vedetismos, sem procura de qualquer visibilidade”.
"Tudo faremos para constituir uma verdadeira alternativa patriótica que substitua a frente de esquerda, estamos aqui para governar.”
Entre as críticas, Bruno Costa salientou que “esta frente de esquerda dispôs de condições únicas para fazer mais e melhor”, apontando que “era obrigatório, era urgente estar a crescer acima dos 3%, e o Governo falhou redondamente”.
Apontando que Portugal está “bem longe da média europeia” a nível de competitividade, o dirigente considerou existir um só caminho possível – “crescimento, crescimento, crescimento”.
O país “não pode continuar a ser ultrapassado pelos nossos congéneres europeus”, defendeu, apelando a uma “política fiscal estável e competitiva” para as empresas, através da redução do IRC.
Lado a lado, Ana Pedrosa Augusto e Bruno Ferreira da Costa acusaram também o Governo de fazer uma “gestão ineficiente” das contribuições dos cidadãos, referindo que Portugal tem “de deixar de viver nesta asfixia”, dado que o Estado “não pode viver à custa das famílias”.
Numa referência ao duelo entre Governo e enfermeiros devido às greves do setor, estes congressistas assinalaram que nunca se assistiu “a uma guerra tão evidente” entre o Ministério da Saúde e quem trabalha nos hospitais. O partido rejeitou ainda as “políticas de cativações” na saúde.
"Esta frente de esquerda dispôs de condições únicas para fazer mais e melhor. Era obrigatório, era urgente estar a crescer acima dos 3%, e o Governo falhou redondamente.”
As palmas chegaram em força quando Ana Pedrosa Augusto afirmou que a “corrupção é um dos maiores entraves à democracia” e prometeu um “combate sem tréguas à corrupção que ainda existe em Portugal”, para que Portugal seja “um exemplo de transparência e ética”.
Bruno Ferreira da Costa aproveitou ainda para vincar que a Aliança é contra os manuais gratuitos para todo e a isenção das propinas. “Somos a favor do estado social, das sociedades solidárias, o Estado tem obrigação de ajudar quem realmente precisa”, disse.
Com Paulo Sande presente na sala, os dirigentes salientaram que a Aliança conta com “o candidato mais bem preparado para as eleições” europeias.
Num ano em que se disputam mais duas eleições – regionais na Madeira e legislativas – foi também ouvido que o partido “não receia” apresentar “listas próprias a todos os atos eleitorais”.
“Queremos conhecer o nosso peso eleitoral, queremos apresentar as nossas propostas”, foi indicado.
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