António Costa alerta Europa para protecionismo. Defende investimento chinês
O primeiro-ministro português deu uma entrevista ao Financial Times onde diz ter alertado os parceiros europeus que não devem fechar a porta a investimento de países como a China.
Portugal é um dos países da Europa mais expostos ao investimento chinês. E António Costa está consciente da importância disso. Em entrevista ao Financial Times (acesso pago), publicada neste domingo, o primeiro-ministro português mostrou-se preocupado com a possibilidade da Europa assumir um protecionismo exagerado contra países como a China, risco que já o levou a alertar as autoridades europeias. António Costa fala na experiência “muito positiva” que o país tem no que respeita ao investimento chinês.
As declarações do primeiro-ministro português acontece depois de, no mês passado, o Parlamento Europeu ter aprovado nova regulamentação para a triagem de de investimentos com origem fora do espaço da União Europeia. Medidas que surgem num período marcado pelas preocupações de que a China e outros países procurem comprar e vender tecnologia sensível e infraestruturas. Ou que usem investimentos e contratos para levar a cabo espionagem industrial e militar.
António Costa considera que a Europa não deve responder a Donald Trump com medidas igualmente protecionistas. “Uma coisa é selecionar para proteger os setores estratégicos, outra é fazê-lo para abrir portas ao protecionismo”, afirmou ao jornal britânico.
O primeiro-ministro diz concordar que é importante examinar todos os investimentos de países terceiros em setores como a segurança e a defesa, mas não usar esses controlos como pretexto para discriminar investimentos não comunitários.
"Uma coisa é selecionar para proteger os setores estratégicos, outra é fazê-lo para abrir portas ao protecionismo.”
O líder do executivo português lembra ainda o bom exemplo do investimento chinês em Portugal. “A nossa experiência com o investimento chinês tem sido muito positiva”, diz acrescentando que “os chineses mostraram total respeito pela nossa estrutura legal e pelas regras do mercado“.
O Financial Times lembra as posições de peso que os investidores chineses têm em território nacional. Dá o exemplo da posição de 23% detida pela China Three Gorges da EDP, e da oferta sobre o capital remanescente. Fala ainda do controlo da Fidelidade, da Luz Saúde, a posição detida na REN, bem como os 27% detidos no capital do BCP.
Relativamente à Europa, diz que esta “precisa de uma política industrial, mas não uma que vise criar campeões dos países mais desenvolvidos”. Em vez disse, considera que para aumentar a competitividade na economia global, a Europa precisava de “uma política industrial feita sob medida para cada país”.
António Costa disse ainda partilhar as preocupações de outros países ocidentais sobre os potenciais riscos que emergem do envolvimento da Huawei, grupo de telecomunicações chinês, nas futuras redes 5G.
“Estamos a ouvir, claro. Mas é muito importante não parar a modernização da infraestrutura digital da Europa“, justificou. Disse ainda que a Europa precisa de investir mais em educação e investigação e aumentar a cooperação entre estados-membros, “em vez de fechar as nossas fronteiras à inovação vinda do exterior.
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