China pede à União Europeia que garanta livre concorrência para as suas empresas
Pequim diz que se "opõe a acusações arbitrárias com motivações políticas para tentar afundar uma empresa estrangeira", referindo-se ao caso da Huawei.
O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, pediu aos países da União Europeia (UE) que garantam livre concorrência para as empresas chinesas, e denunciou tentativas de “afundar” grupos como a Huawei por motivos de segurança.
“A China espera que todos os países criem um ambiente de competição livre e justa para as empresas de outros países”, afirmou Wang, numa conferência de imprensa conjunta, com a Alta Representante da União Europeia para a Política Externa, Federica Mogherini, após um encontro, em Bruxelas.
Numa referência às limitações impostas pelos Estados Unidos à Huawei, Wang insistiu que Pequim se “opõe a acusações arbitrárias com motivações políticas para tentar afundar uma empresa estrangeira”.
“Acreditamos que tais práticas são anormais, imorais e não têm o apoio de outros países”, advertiu.
Wang participa em Bruxelas no Conselho de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.
Na semana passada, o chefe da diplomacia chinesa tinha já avisado que as ações dos EUA contra a Huawei, a maior fabricante do mundo de equipamentos de telecomunicações, não representam “um caso judicial em absoluto”, mas antes um movimento político deliberado para “derrubar” a empresa.
A Huawei anunciou, entretanto, que moveu uma ação contra o governo norte-americano, devido à restrição dos seus produtos.
“Esperamos e acreditamos que os países da UE e outros terão independência quando se trata de fazer suas próprias escolhas e farão o seu próprio julgamento”, disse Wang.
Mogherini afirmou que a aceitação de empresas específicas nos respetivos mercados “por razões de segurança”, é uma decisão de “competência nacional”.
Questionada sobre se recebeu garantias do homólogo chinês de que Pequim vai rever a lei que obriga as suas empresas a cooperarem com os serviços de inteligência, Mogherini afirmou que “o que discutimos é a necessidade do ciberespaço ser regulado e padrões internacionais serem aplicados para torná-lo mais seguro e aberto”.
“E também na economia real e digital, a necessidade de as condições serem iguais para todos, na Europa e na China”, afirmou.
A fabricante chinesa Huawei é acusada de 13 crimes por procuradores norte-americanos, incluindo fraude bancária e espionagem industrial.
O Congresso dos EUA proíbe ainda agências governamentais de comprarem produtos da Huawei, ao abrigo da Lei de Autorização de Defesa Nacional, por considerar que a empresa serve a espionagem chinesa.
Os EUA têm ainda pressionado vários países, incluindo Portugal, a excluírem a Huawei na construção de infraestruturas para redes de Quinta Geração (5G), a Internet do futuro.
As redes sem fio 5G destinam-se a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais elétricas, pelo que vários governos passaram a olhar para as redes de telecomunicações como ativos estratégicos para a segurança nacional.
A empresa tem rejeitado alegações sobre a segurança da sua tecnologia 5G, insistindo que não tem “portas traseiras” para aceder e controlar qualquer dispositivo, sem o conhecimento do utilizador.
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