Há pouca água. Grandes empresas estão a consumir cada vez mais
As maiores empresas do mundo estão a usar mais água, apesar dos riscos crescentes, de acordo com um relatório internacional, que tem por base 800 empresas, que empregam 36 milhões de pessoas.
As maiores empresas do mundo estão a usar mais água, apesar dos riscos crescentes, de acordo com um relatório internacional divulgado esta sexta-feira, que tem por base 800 empresas, que empregam 36 milhões de pessoas. No relatório anual global sobre a água, a organização sem fins lucrativos CDP (Disclosure Inside Action) afirma que as empresas estão a consumir mais água, apesar de uma maior consciência dos riscos associados à exploração dos recursos hídricos.
Uma nova análise divulgada a propósito do Dia Mundial da Água demonstrou um aumento de 49% nas empresas que relataram um elevado consumo de água entre 2015-2018, apesar de “observarem maiores riscos hídricos para os seus negócios e reportarem perdas financeiras próximas dos 40 mil milhões de dólares, devido à água em 2018.”
Menos de um terço (31%) das empresas em setores de grande impacto tem incentivos relacionados com o uso da água. As empresas reportaram 38 mil milhões de perdas financeiras relacionadas com a água em 2018. O retalho é o setor menos transparente, superando pela primeira vez os combustíveis fósseis.
Conclui-se que o número de empresas que identifica riscos hídricos está a aumentar de ano para ano, com 75% a reportarem atualmente a exposição a riscos substanciais, contra 70% em 2015. A maioria dos riscos identificados são físicos (76%), relacionados com a escassez de água e o declínio da qualidade.
“As empresas reportaram que estes riscos podem perturbar a produção, causar danos à marca e levar à perda da licença para trabalhar em determinadas regiões”, lê-se no relatório.
Apesar da grande consciência dos riscos, e do número de empresas a definirem metas para reduzir o dobro do consumo de água, registou-se um aumento de quase 50% no número de companhias a reportarem elevados consumos no mesmo período (2015 – 2018). Esta tendência é mais notória nas empresas que operam na Ásia e na América Latina, bem como nos setores da alimentação, bebidas e agricultura, indústria e extração mineral.
“Com a indústria a responder por 19% das captações mundiais de água e mais 70% oriundos de redes de fornecimento agrícolas, as empresas têm um papel enorme a desempenhar no cumprimento da meta global da água”, referem os autores do estudo.
“Com três em cada quatro empregos a dependerem normalmente de um fornecimento estável de água, e as empresas a reportarem perdas de 38 mil milhões de dólares, relacionadas com a água em 2018, há um imperativo económico de agir”, defende a organização no comunicado que acompanha o estudo.
Apesar da escala do desafio — refere a CDP — apenas 31% das companhias analisadas mostraram progressos suficientes para fazer um “ranking de segurança da água” relativo a 2018. Destas, 11 têm sede na Europa, 10 na Ásia e oito nos Estados Unidos. Entre as que atingiram o estatuto de liderança incluem-se a AstraZeneca, Diageo, L´Oréal e Microsoft, de acordo com o relatório.
Para alcançarem esta posição, as empresas têm não apenas de mostrar que avaliam regularmente a sua exposição ao risco, mas também demonstrar que adotaram uma estratégia responsável para responder a esse risco. A CDP apresenta-se como uma organização internacional não governamental que conduz empresas e governos a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a proteger os recursos hídricos e as florestas.
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