“A crise foi resolvida porque o Tratado foi violado, mais nada”, afirma Vítor Bento
Vítor Bento considera que foi a violação dos princípios básicos do Tratado que resolveu a crise na Zona Euro. Já Klaus Regling lembra que o Supremo Tribunal concluiu que não houve violação.
“A crise foi resolvida porque o Tratado foi violado, mais nada”, disse Vítor Bento, economista e presidente do conselho de administração da SIBS, recordando a crise da Zona Euro. “O que salvou o euro foi a violação dos princípios básicos do Tratado”, continuou, acrescentando que tal significa que “a própria estrutura não estava bem identificada”.
As declarações de Vítor Bento, durante a conferência “Para onde vai a Europa?”, na Fundação Calouste Gulbenkian, levantaram alguma controvérsia entre os restantes oradores. Entre eles, estava Giogos Papakonstantinou, antigo ministro das Finanças do Governo grego: “Eu não sou advogado, por isso não posso dizer se violámos ou não o Tratado, mas, se o fizemos, ainda bem que o fizemos“, afirmou.
Klaus Regling, por sua vez, classificou a afirmação de Vítor Bento, quanto à violação do acordo, muito “questionável”. “O Supremo Tribunal de Justiça e os seus advogados declararam que isso não tinha acontecido”, referiu, acrescentando que ambos foram dados como compatíveis.
Perante a possibilidade de uma nova crise, Regling disse, ainda, considerar que a Europa está, agora, muito mais bem preparada. “Estamos muito mais bem preparados hoje do que há dez anos. Devemos continuar a trabalhar para fortalecer a Zona Euro, mas estou muito satisfeito com a situação em que estamos”, afirmou.”Se há dez anos tínhamos uma comunidade de províncias, com diferentes pontos de vista e perspetivas, hoje temos esforços e vontades mais coletivas”, explicou Klaus Regling.
Já o antigo ministro grego das Finanças, embora concorde que a Europa está agora mais bem preparada para atravessar uma nova crise, afirma que, mesmo assim, ainda não é suficiente. “Continuamos a ter alguns problemas ao nível dos limites impostos pelo Banco Central Europeu e ao nível orçamental existem alguns problemas de endividamento. Continuam a existir altos riscos, mas nunca podemos estar certos de que não haverá uma nova crise no futuro e é questionável se estarmos preparados para isso”, disse.
Euro no plano internacional: ator principal ou figurante?
Sobre o reforço do papel do euro no plano internacional, o presidente do conselho de administração da SIBS referiu que, embora considere o euro um caso de sucesso, “para uma moeda liderar a nível internacional precisa de preencher vários requisitos que, agora, o euro não preenche”. Klaus Regling reforçou que é preciso continuar a trabalhar na atratividade do euro para, não só os investidores internos, mas também para os investidores externos.
Mário Centeno, ministro das Finanças de Portugal, recordou, contudo, que “dizer que o euro tem de se afirmar no plano internacional, não significa que não tenha já um papel de relevo”. O ministro das Finanças relembrou que se trata da segunda moeda do sistema monetário internacional, logo depois do dólar e, ao mesmo tempo, confirmou que a moeda tem vindo a perder importância ao longo dos últimos anos.
Por outro lado, Centeno afirmou também que “reforçar o papel do euro não significa suplantar o dólar”, significa, antes, um “sistema mais equilibrado, que traria maior estabilidade pela via da diversificação”.
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