António Costa sobre as relações familiares: “Cavaco Silva tem muitas qualidades, mas a melhor não é a memória”
Primeiro ministro ataca ex-presidente da República, usando como exemplo casos que diz serem de promiscuidade de ex-ministros que envolvem a legislatura de Cavaco Silva.
O primeiro-ministro António Costa garantiu esta quinta-feira que nenhum membro do atual Governo foi escolhido pelas suas relações familiares. Quanto às críticas do antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, o líder do Executivo respondeu com casos que envolveram governantes do tempo em que este foi primeiro-ministro.
“O professor Cavaco Silva tem muitas qualidades, mas a memória não é a melhor nem sobre os seus próprios governos nem sobre a composição do atual Governo”, afirmou António Costa, na apresentação do plano de mobilidade do Governo, em declarações transmitidas pelas televisões.
O primeiro-ministro respondeu assim aos comentários de Cavaco Silva, na quarta-feira, quando afirmou que “não há comparação possível” entre o Governo a que deu posse em 2015 e o atual Executivo, no que concerne às relações familiares.
“Nenhum dos membros do meu Governo sairá para ir criar um banco que depois vá à falência e viver à custa dos contribuintes”, disse, numa clara alusão a José Oliveira e Costa, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais no governo liderado por Cavaco Silva, nos anos 1980. Após sair do Executivo, o economista viria a presidir o Banco Português de Negócios (BPN), cuja falência ainda pesa nas contas públicas.
Costa continuou ainda: “nenhum membro do meu Governo sairá para ir para gerir uma infraestrutura cuja construção ordenou na legislatura imediatamente anterior”. Neste caso, lembrou Joaquim Ferreira do Amaral, que 12 anos depois de ocupar o lugar de ministro das Obras Públicas — onde adjudicou a concessão da Ponte Vasco da Gama à Lusoponte –, acabou por chefiar a administração da empresa.
“Nenhum membro do meu Governo irá sair e adquirir ativos de empresas que privatizou. Estas é que deviam ser as relações com que se deviam preocupar”, acrescentou.
Costa garante quem ninguém foi nomeada por familiares
Há mais de 40 pessoas na lista de relações familiares diretas ou indiretas associadas ao Governo de António Costa, de acordo com as contas do jornal Observador. A questão tem colocado os holofotes sobre o Executivo desde a última remodelação governamental. Mas o primeiro-ministro garante que “não houve alterações desde a composição original”, mas apenas mudanças nos cargos.
“O que posso assegurar é que ninguém foi nomeado em funções de relações familiares”, sublinhou, classificando a comparação feita pelo líder do PSD, Rui Rio, entre o Conselho de Ministros e uma ceia de Natal como “desprimorosa”. Referiu que “há mais de três anos que [estas pessoas] são membros do Governo e nunca houve interferências”.
António Costa rejeitou que as ligações familiares sejam sinal de que o Governo é muito fechado e explicou que entre os 62 membros do Executivo, há 26 que são independentes, apenas 14 já tinham sido parte de governos anteriores e 30 já tinham tido atividade política anterior. “Significa que 32 pessoas foram mobilizar à sociedade civil. É um motivo de orgulho”, acrescentou.
(Notícia atualizada às 18h)
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