Acordo do Brexit volta a ser chumbado no Parlamento. Há cimeira de emergência da UE a 10 de abril
Os deputados britânicos chumbaram pela terceira vez o acordo que definia os termos da saída do Reino Unido da UE a 22 de maio. Donald Tusk já convocou uma cimeira de emergência a 10 de abril.
É como diz o velho ditado: “Não há duas sem três”. A Câmara dos Comuns voltou esta sexta-feira a votar o acordo negociado por Londres e Bruxelas para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e, mais uma vez, chumbou-o. Esta foi a terceira vez que Theresa May levou ao Parlamento a proposta, tendo o resultado sido o mesmo que obteve nas votações anteriores, fazendo aumentar os receios em torno de uma saída desordenada. Já está agendada uma cimeira de emergência da UE.
Com uma diferença de 58 votos, a maioria dos deputados britânicos ainda não está satisfeita com os “termos do divórcio” negociados por May com Bruxelas. Ao todo, houve 344 votos contra (234 trabalhistas, 35 DNP, 34 conservadores, 16 independentes, 11 Lib Dems, 10 DUP, 4 Plaid Cymru e 1 do Partido Verde) e 286 votos a favor (277 conservadores, 5 trabalhistas e 4 independentes).
Para tentar fazer passar o acordo no Câmara dos Comuns, a primeira-ministra britânica já se tinha oferecido para abandonar o cargo. “Estou preparada para deixar este trabalho mais cedo do que pretendia para fazer o que é certo para o nosso país e para o nosso partido”, disse May, mas nem assim conseguiu mudar o sentido da votação que não foi bem recebido nos mercados, com a libra a baixar dos 1,30 dólares, um mínimo de 11 de março.
A derrota foi, contudo, menos expressiva do que as anteriores. Recorde-se que o segundo acordo levado por Theresa May ao Parlamento britânico, ainda este mês, recebeu 391 votos contra, enquanto o primeiro, em janeiro, recebeu 432 votos contra, tendo sido apelidada da maior derrota parlamentar do século.
Demissão? May procura soluções
“Este Governo vai continuar a procurar uma solução para uma saída ordenada que o resultado do referendo exige”, disse May aos deputados após o novo chumbo.
Com a nova derrota, Jeremy Corbyn apelou a Theresa May para que convoque eleições. “Este acordo tem de mudar. Se a primeira-ministra não aceita isso, então tem de sair”. “Na segunda-feira, esta câmara e todos os membros terão a oportunidade e a responsabilidade de encontrar uma maioria para um acordo melhor para todas as pessoas deste país”, acrescentou.
O próximo capítulo do Brexit acontece, precisamente, na segunda-feira, com os deputados a discutirem as opções mais votadas (embora todas chumbadas) na sessão de votos indicativos que aconteceu na quarta-feira.
O terceiro chumbo na Câmara dos Comuns anula a possibilidade de o Reino Unido sair da UE a 22 de maio e adianta a data da saída para o dia 12 de abril. Para já, Theresa May parece continuar determinada a evitar uma saída sem acordo. Tudo parece indicar que a primeira-ministra britânica vai tentar obter uma extensão do Artigo 50.º, embora essa opção enfrente uma vasta oposição no Parlamento, incluindo mesmo a oposição de alguns deputados da sua ala.
UE em alerta. Marcada cimeira de emergência
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, foi rápido a reagir ao chumbo. Convocou imediatamente uma cimeira de emergência a 10 de abril, tendo em conta o resultado. A reunião extraordinária da UE acontecerá, assim, apenas dois dias antes da data final estipulada para este cenário (12 de abril).
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Em comunicado, a Comissão Europeia “lamenta o voto negativo da Câmara dos Comuns” e afirma que cabe, agora, ao Reino Unido indicar até ao dia 12 de abril qual o caminho que quer seguir.
“Neste momento, o cenário de um não acordo a 12 de abril é um cenário provável“, pode ler-se no comunicado da Comissão. “A União Europeia tem vindo a preparar-se para isto desde dezembro de 2017 e está agora completamente preparada para um cenário de não acordo à meia-noite de 12 de abril”.
(Notícia atualizada às 15h31)
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