Marcelo pressiona Governo. Diz que é preciso alargar serviços mínimos ao resto do país e a outros setores

Para Marcelo Rebelo de Sousa, o Executivo tem de ir além da garantia de serviços mínimos face à greve dos motoristas de matérias perigosas. Governo tem de fomentar "acordo real".

Ainda que sublinhe que a greve dos motoristas de matérias perigosas é um “conflito com privados”, o Presidente da República defende que o Executivo de António Costa tem de garantir mais do que os serviços mínimos e sugere a necessidade de alargar os serviços mínimos não só ao resto do país, mas também a outras atividades económicas, como os transportes coletivos ou a distribuição de medicamentos.

Há que garantir que os serviços mínimos funcionam mesmo e que são tão amplos quanto possível e que cubram as necessidades coletivas que verdadeiramente justificam os serviços mínimos, como por exemplo os transportes coletivos ou a distribuição de medicamentos”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em declarações aos jornalistas transmitidas pela RTP3. “Faz sentido pensar na ampliação dos serviços mínimos não só a todo o país mas também a outras atividades”, acrescentou.

Faz sentido pensar na ampliação dos serviços mínimos não só a todo o país mas também a outras atividades.

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

Minutos depois, mas com muitos quilómetros de distância, António Costa, reiterou que o Governo está a desenvolver contactos para o alargamento dos serviços mínimos a todo o país, para minorar os impactos da greve dos motoristas de matérias perigosas. “Estamos a desenvolver contactos com as partes tendo em vista que possa haver um acordo quanto ao alargamento dos serviços mínimos para cobrir as necessidades fora das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto”, afirmou António Costa, em declarações aos jornalistas em Braga, citado pela Lusa. O chefe de Governo relembrou aquilo que já tinha dito no Parlamento, no debate quinzenal.

Em declarações ao Expresso e ao Público, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha apelado a que se negoceie “a questão de fundo” de modo a chegar a um “acordo real”. O Chefe de Estado sublinhou que caso essa questão não seja resolvida “dentro de duas semanas temos o mesmo problema”.

“O Governo deve fazer tudo para fomentar um acordo real, porque isto é um conflito privado, mas com interesse público inegável“, disse Marcelo Rebelo de Sousa, ao Público. O Presidente da República salientou ainda: “Neste setor, a prova de que não é privado é que há setores essenciais em causa e a própria fundamentação da requisição civil também invoca o interesse público de abastecimento energético a setores essenciais“.

Para Marcelo, o Governo deve “ajudar” a que as duas partes envolvidas no conflito, ainda que privadas, continuem a falar. “É preciso que as duas partes continuem a falar e que o Governo ajude a que falem”, disse aos jornalistas. No entanto, recusou fazer qualquer comentário a uma eventual inabilidade do Executivo em perceber a gravidade da situação logo de início, apesar de recordar que já tinha alertado para o problema dos motoristas camionistas “que não é de hoje”.

A greve nacional dos motoristas de matérias perigosas começou às 00h00 de segunda-feira e deverá estender-se “por tempo indeterminado”. A paralisação foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), que já esteve reunido com o Governo na noite terça-feira e que deverá voltar a reunir hoje.

A reunião serviu, contudo, apenas para garantir os serviços mínimos, que estavam a ser desrespeitados. Para esse efeito, o Executivo já tinha também aprovado uma requisição civil, tendo sublinhado que este “braço de ferro” pertence à esfera dos privados e portanto não depende diretamente do Governo.

“O conflito é com privados mas mexe com o interesse público. Não basta negociar a garantia de serviços mínimos, é preciso começar a negociar a questão de fundo”, frisou, esta quarta-feira, o Presidente da República, sinalizando algum descontentamento com a posição assumida pelo Governo.

(Notícia novamente atualizada às 16:12 com as declarações de António Costa em Braga)

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