Sem maioria, PSOE tem de negociar como vai governar. Decisão só chega depois de eleições locais
O PSOE de Pedro Sánchez não conseguiu a maioria dos votos nas eleições espanholas, por isso terá agora de seguir para negociações com os outros partidos.
As eleições espanholas deram a vitória ao PSOE, partido liderado por Pedro Sánchez, mas não a maioria. Desta forma, o partido terá de negociar com os restantes uma coligação, ou uma fórmula que permita a governação, já que tudo parece indicar que o PSOE quer governar sozinho e negociar medida a medida. Irá emergir daqui uma “geringonça” espanhola, ou conseguirão os socialistas desenvolver um projeto autónomo?
A vice-presidente do governo em funções disse que os resultados deixaram claro que os socialistas têm um apoio “mais do que suficiente” para ser o “leme de um barco que tem de seguir o seu rumo”, em declarações citadas pelo El Mundo. Nos últimos dez meses o governo foi composto pelo PSOE, com a incorporação de independentes, uma fórmula que Carmen Calvo diz que poderão seguir.
O partido liderado por Pedro Sánchez conseguiu 28,7% dos votos, o que lhe dá um total de 123 deputados. Já o Podemos, de Pablo Iglesias, atingiu 14,3% dos votos e 42 deputados. Neste cenário, os socialistas ainda precisariam de se aliar aos independentistas para conseguirem governar.
O Podemos já mostrou disponibilidade para conversar com o PSOE. Um acordo com os socialistas seria uma forma de se redimirem dos resultados abaixo do esperado nestas eleições. “Transmiti a nossa vontade de trabalhar para que, em Espanha, haja um governo de coligação de esquerda”, adiantou Pablo Iglesias. O líder do partido também já escreveu na sua conta oficial do Twitter que se os socialistas “pretendem governar sozinhos, terão menos apoio parlamentar que a direita”.
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Pedro Sánchez precisaria, mesmo assim, de pelo menos uma parte dos independentistas para formar Governo. Uma das opções poderá passar por juntarem-se ao Podemos, ao PNV, e ao ERC. Sánchez pode, por outro lado, estender o braço a outros partidos com poucos votos, como o CCA-PNC, o Compromís, o JxCat e o Eh Bildu. No entanto, continua a necessitar do apoio do Podemos.
Com as opções em aberto, o PSOE não tem pressa em resolver o assunto. Os acordos só serão fechados depois das eleições locais no país, que se realizam a 26 de maio, e que coincidem também com as eleições europeias. Deverá então ficar claro como vai funcionar o governo espanhol, apesar de as declarações proferidas até lá poderem dar uma indicação do caminho que virá a ser seguido.
Haveria ainda um cenário governativo em que o Podemos podia ficar fora do baralho, caso o líder do PSOE se voltasse para Albert Rivera, líder dos Ciudadanos. Este partido, de direita liberal, conseguiu 57 deputados, o que, somando aos 127 do PSOE, dá um total de 180 deputados.
No entanto, o Ciudadanos fechou a porta a qualquer negociação com o PSOE, tanto para um governo como para a investidura de Sánchez, escreve o El País. Esta era já a intenção que o partido tinha vindo a apregoar no caminho até às eleições, indicando que agora o objetivo será liderar a oposição. Sanchéz tinha também rejeitado um acordo com Rivera.
A Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE) também já deixou a sua sugestão. Os patrões pediram ao Ciudadanos e ao PP para deixarem Sánchez governar, através da abstenção. Os empresários veem com preocupação um governo à esquerda, fruto de uma possível coligação com o Podemos, e preferem assim que os socialistas liderem sozinhos.
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