Marques Mendes vê “instabilidade política” no horizonte. Vêm aí “governos de curta duração”
O comentador e antigo líder do PSD alertou que o país caminha para um clima de instabilidade política nos próximos anos. Vê Costa a ser eleito sem maioria, num governo com validade de dois anos.
Os anos de estabilidade política em Portugal estão a chegar ao fim, pelo menos na opinião de Luís Marques Mendes. O antigo líder do PSD alertou esta quinta-feira que o país “habituou-se a viver períodos longos de estabilidade”, mas há, agora, “um risco sério de entrarmos nos próximos anos num ambiente de alguma instabilidade” política e de “governos de curta duração”.
Na apresentação do CEO Survey Portugal 2019, um estudo elaborado pela PwC, o comentador político considerou importante “valorizar o bem que é a estabilidade política” enquanto ela existe. Marques Mendes vaticinou ainda a eleição de António Costa como primeiro-ministro nas legislativas de outubro, sem maioria absoluta, e colocou um prazo de “validade de dois anos no próximo Governo.
“O primeiro Orçamento passa porque ninguém chumba um orçamento três meses depois das eleições. O segundo é aprovado porque Portugal assume depois a presidência do Conselho da União Europeia. O drama vai ser o terceiro, porque é a seguir às autárquicas e o cimento da estabilidade vai ser um drama”, justificou o advogado. “Tenho sérias preocupações relativamente à estabilidade política futura”, avisou.
Assumindo-se “pouco entusiasta” da atual solução governativa, Marques Mendes reconheceu, ainda assim, que a chamada geringonça teve o mérito de garantir “estabilidade”. “Passos Coelho, se tivesse formado Governo, como não tinha maioria absoluta, seria um Governo instável”, afirmou.
No entanto, Marques Mendes não vê hipótese de surgir uma geringonça 2.0. “Esta solução dificilmente se repete no futuro, por razões políticas e económicas. Esta só existe enquanto há dinheiro para distribuir. Não havendo, já não há cimento”, disse, apontando desde logo para o risco de menor crescimento económico esperado nos próximos anos. “Há evidências de declínio, de quebra da economia. E haverá menos dinheiro para distribuir nos próximos orçamentos”, frisou o comentador.
Marques Mendes aproveitou também a ocasião para tentar “colocar no debate público a necessidade de melhorar a qualidade do decisor político”. “De legislatura para legislatura, baixa a qualidade do decisor político. Às vezes de uma forma confrangedora”, indicou.
Um pedido que surge a poucas semanas das eleições europeias. Considerando a UE “uma história de sucesso”, Marques Mendes disse tratar-se também de “uma história de várias crises”. Mas há motivos para se ser otimista, porque “a Europa não implodiu” em nenhuma delas. “Os problemas existem, não os vamos deitar para debaixo do tapete. Mas julgo que há capacidade e condições para que a Europa continue a ser, no futuro, um grande projeto”, considerou.
Tenho sérias preocupações relativamente à estabilidade política futura.
Elaborado pela consultora PwC, o CEO Survey Portugal 2019 é um estudo que resulta de mais de 1.370 entrevistas a 70 presidentes executivos portugueses. Num capítulo dedicado às principais ameaças percecionadas pelos gestores nacionais, o populismo surge em primeiro lugar, seguido do aumento da carga fiscal e do excesso de regulação.
Outra conclusão do estudo é que os presidentes executivos portugueses vêem a falta de mão-de-obra como a maior ameaça aos negócios em Portugal. Segundo o estudo, a falta de competências e talento no mercado de trabalho penaliza a inovação nas empresas.
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