Moody’s vê forte interesse dos investidores por malparado português e espanhol
A transferência de risco é alcançada através da venda completa e com titularizações em que os bancos vendem a totalidade das tranches, o que está a acontecer em Portugal, segundo a agência.
Portugal, Espanha e Itália seguiram estratégias diferentes de redução do crédito malparado, mas estão a ser eficazes na limpeza destes ativos dos bancos. A opinião é da agência de notação financeira Moody’s, num relatório publicado esta terça-feira, em que antecipa que a redução dos empréstimos em incumprimento vai continuar.
“Esperamos que os bancos façam maiores reduções para alinhar a qualidade dos ativos com a média da União Europeia, apesar de o nível de ativos em incumprimento — crédito malparado e penhoras — continuar elevado nos três sistemas“, afirmou a vice-presidente sénior da Moody’s, Maria Cabanyes.
“Os três países seguiram estratégias de limpeza diferentes, influenciadas pelos respetivos enquadramentos de execuções hipotecárias e de falência, bem como níveis de provisionamento”, sublinhou Cabanyes. A vice-presidente da agência lembrou que o Governo italiano implementou medidas de incentivo à limpeza de ativos legado, enquanto em Portugal e Espanha a venda de portefólios de malparado tem sido a tendência.
Em Portugal, a banca tem levado a cabo uma estratégia de venda de carteiras de ativos tóxicos. Os seis maiores bancos que operam em Portugal venderam mais de 5,7 mil milhões de euros, em carteiras de crédito malparado no ano passado para melhorarem os balanços e cumprirem exigências regulatórias. O líder foi o Novo Banco, que anunciou a venda de 2.150 milhões de euros e está a manter a estratégia este ano.
No total, o crédito malparado caiu 11% em 2018. Apesar dos progressos, há ainda 25,8 mil milhões de euros por limpar das folhas de balanço e a banca em Portugal continua com um rácio de malparado nos 9,4%, ou seja, acima da linha definida pela Autoridade Bancária Europeia. A EBA propôs, no ano passado, vir a penalizar bancos com rácio de crédito em incumprimento superior a 5% da totalidade dos empréstimos.
“As vendas de portefólios dominam em Espanha e Portugal, onde as execuções hipotecárias são rápidas e o mercado imobiliário está a recuperar, mas também onde há um forte interesse dos investidores na venda direta de portefólios”, referiu a agência de notação financeira. “Uma completa transferência do risco é apenas alcançada através da venda completa do portefólio e em securitizações em que os bancos vendem a totalidade das tranches. Em Portugal, essas securitizações têm sido alcançadas”, acrescentou.
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