Dívida e imobiliário animam contas do BCP, Totta e CGD. Malparado mantém Novo Banco sob pressão

Resumo do trimestre da banca: negócios com títulos de dívida e imobiliário animaram os resultados do BCP, Totta e CGD. O Novo Banco foi o único dos grandes bancos no vermelho por causa do malparado.

Negócios com títulos de dívida e imobiliário animaram os resultados do BCP, Santander Totta e Caixa Geral de Depósitos (CGD) no arranque do ano. Já o BPI travou a fundo nos lucros porque desta vez não contou com um encaixe extraordinário como o da venda da Viacer há um ano. O Novo Banco foi novamente a desilusão no setor, mantendo as contas no vermelho por causa do malparado.

Assim correu a vida nos cinco principais bancos portugueses no primeiro trimestre. No total, os lucros ascenderam a 373 milhões de euros entre janeiro e março, menos 30% face ao mesmo período do ano passado. Isto quer dizer que lucraram quatro milhões de euros por cada dia, de acordo com os cálculos do ECO.

No banco público, os lucros quase duplicaram para 126,1 milhões de euros e para este resultado contribuiu de forma decisiva a alienação de um quarteirão na Baixa lisboeta. Paulo Macedo adiantou que o edifício que a CGD tinha na Rua do Ouro foi vendido ao grupo hoteleiro Sana por 60 milhões de euros, tendo gerado uma mais-valia líquida de 36 milhões de euros para a CGD.

Também BCP e Santander Totta contaram com negócios extraordinários para dar impulso aos resultados. Mas em ambos os casos foram operações com títulos de dívida a reforçar as contas. Miguel Maya viu o lucro do seu banco aumentar 80% para os 153,8 milhões de euros, com os resultados em operações financeiras a dispararem 110,8% perante o “registo de ganhos na venda de títulos de dívida pública e de dívida corporate”, anunciou o BCP. No Santander, Pedro Castro e Almeida apresentou um lucro trimestral de 137 milhões de euros (+5%) e a gestão da sua carteira de dívida pública (usada para controlar o risco do balanço) também ajudou no resultado líquido.

O BPI foi em contramão com a banca no que toca à trajetória dos lucros. O banco liderado por Pablo Forero registou uma descida de 60% do lucro para 49,2 milhões de euros. Mas aqui também há efeitos não recorrentes que explicam a evolução desfavorável nas contas do banco do CaixaBank: há um ano, o lucro no primeiro trimestre foi impulsionado pelo encaixa da venda da participação na Viacer (Super Bock); desta vez não houve encaixe financeiro extraordinário.

E o Novo Banco foi outra vez a exceção: anunciou esta sexta-feira prejuízos de 93,1 milhões de euros, pressionado pela venda da carteira de malparado em Espanha ao fundo Waterfall e ainda pelas provisões para a reestruturação. Há mais alienações de portefólios à vista e tendo em conta que se antecipam mais injeções do Fundo de Resolução as perdas deverão agravar ao longo do ano.

BCP foi quem mais ganhou

Fonte: Bancos

Além dos fatores extraordinários, há uma fonte de receita que cada vez mais alimentam os resultados dos bancos: as comissões. E isto numa altura em que os bancos preparam para começar a cobrar pelas transferências através da app do MB Way e reacendeu o tema das comissões nas caixas automáticas. No total, o comissionamento rendeu cerca de 530 milhões de euros, traduzindo um aumento de 0,7% face ao período homólogo.

Depósitos sobem, crédito cai

Os depósitos bancários pouco rendem aos portugueses, fruto sobretudo da ação de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), mas a verdade é que continuam a captar poupanças. Nos principais bancos do sistema, o stock total de depósitos ascendia a mais de 210 mil milhões de euros no final de março, mais 6% face a março de 2018. Para os banqueiros, é um sinal de confiança dos portugueses que continuem a deixar o dinheiro nos seus cofres.

Em sentido contrário, o crédito à economia está em trajetória descendente. E não tem apenas a ver com a venda de malparado que acelerou no ano passado ou com as regras mais restritivas do Banco de Portugal na concessão de crédito para compra de casa. Os próprios bancos começam a sentir menor procura dos agentes económicos, conforme sinalizou Pedro Castro e Almeida na apresentação dos resultados do Santander.

O volume global de créditos registou um decréscimo (ainda que ligeiro) no último ano, ascendendo a cerca de 189 mil milhões de euros no final do primeiro trimestre.

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