Financiar compra de ações? “Era o pão nosso de cada dia da nossa banca”, diz Armando Vara
Armando Vara rejeita que Caixa tenha tido qualquer intervenção na guerra acionista do BCP. Disse que é preciso ver as operações dentro do contexto em que foram aprovadas.
Emprestar dinheiro para compra de ações? “Era o pão nosso de cada dia na nossa banca”, disse esta sexta-feira Armando Vara, que voltou a assegurar no Parlamento que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) não teve qualquer “intervenção” na guerra acionista do BCP, em 2007.
Foi a deputada socialista Constança Urbano de Sousa quem confrontou o antigo administrador do banco público sobre a política de concessão de crédito, nomeadamente os financiamentos a Berardo ou Manuel Fino para a compra de ações do BCP.
“Na altura era o pão nosso de cada dia da nossa banca”, disse Armando Vara. Constança Urbano de Sousa ripostou: “Se era normal, assim se percebe porque é que se registaram tantas perdas que estamos nós a pagar”.
“Até posso dizer eu hoje, posta a questão como a deputada pôs, até eu acho estranho. Também acho que não faz sentido. Mas foi feita noutro contexto”, tentou contextualizar Armando Vara. Deu como exemplo os financiamentos a Berardo. “Uma coisa é olhar hoje para o dossiê Berardo, outra coisa é olhar há 12 ou 13 anos”.
Mais tarde, perante as questões de Paulo Sá (PCP), Armando Vara disse que “nunca foi fã” destas operações. “Nem morro de amores por elas”, considerou.
Até posso dizer eu hoje, posta a questão como a deputada pôs, até eu acho estranho. Também acho que não faz sentido. Mas foi feita noutro contexto.
O antigo administrador também revelou que nenhuma pessoa da administração em que participou “está contente com o que se passou”. “Se alguma vez pensássemos que aqueles créditos não iam ser reembolsados, nós não concedíamos os empréstimos”, sublinhou ainda.
“Lembra-se dos resultados das eleições, senhor deputado?”
Inicialmente, após as questões do deputado Virgílio Macedo (PSD) sobre a alega participação da CGD na guerra acionista no BCP, Vara manteve a resposta que deu no Parlamento há dois anos: “A administração da CGD nunca teve qualquer intervenção na guerra do BCP“, disse. Contou até um episódio de um encontro com Paulo Teixeira Pinto, então presidente do BCP, que lhe disse que estava confortável com a posição da Caixa no BCP porque “era um seguro de vida contra OPA”, isto numa altura em que o banco público pretendia reduzir a sua participação no banco rival.
Já no final da sua intervenção, Virgílio Macedo tentou colar Armando Vara ao “assalto ao BCP”, para “favorecer negócios de amigos, em que o controlo da CGD e do BCP também estava incluído” e com prejuízo para os portugueses.
Resposta de Armando Vara: “Senhor deputado, o que tenho de fazer para o convencer? Ainda bem que falou dos portugueses. Lembra-se dos resultados das eleições?”.
(Notícia atualizada às 17h16)
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