Draghi está pronto a agir. Ações sobem, euro e juros da dívida deslizam
O italiano agitou os mercados financeiros. Ações sobem, euro desvaloriza e juros das dívidas caem com a perspetiva de novos cortes nos juros ou relançamento dos estímulos monetários na Zona Euro.
“Draghi fê-lo outra vez”. Foi assim que os analistas do Commerzbank viram o discurso do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, no Fórum BCE e não foram os únicos. O italiano abriu a porta a novos estímulos monetários e os mercados perceberam a mensagem com clareza. As ações disparam, o euro desvaloriza e as yields das dívidas caem após as palavras de Draghi.
Tal como quando Draghi disse, há cinco anos, a famosa frase — “whatever it takes” — sinalizando estar disposto a tudo o que fosse necessário para salvar o euro, o mercado receberam novamente a mensagem. O presidente do BCE disse que caso a situação económica da Zona Euro não melhore o suficiente “serão necessários estímulos adicionais”, e que a instituição europeia está pronta a usar todos os instrumentos que tem disponíveis, incluindo mais cortes nas taxas de juro (atualmente em mínimos históricos).
“O discurso em Sintra será lembrado como o abrir da porta à próxima ronda de estímulos de larga escala, tal como o que aconteceu no discurso em Jackson Hole em 2014”, sublinharam Christoph Rieger e Michael Schubert, do Commerzbank, num comentário ao discurso, acrescentando que “todos os instrumentos estão em cima da mesa”.
Após a frase de Draghi, o euro começou a desvalorizar 0,25% contra o dólar, enquanto as ações inverteram o sentimento negativo na abertura da sessão graças à perspetiva de mais dinheiro barato no mercado. O Stoxx 600 avança 0,72%, enquanto a bolsa de Lisboa ganha 0,11%.
No mercado de dívida, as yields das dívidas soberanas caíram ainda mais graças à rede de segurança europeia. O juro das Bunds alemãs a 10 anos está ainda mais negativo, em -0,29%, enquanto o juro dos títulos portugueses com a mesma maturidade tocou um novo mínimo histórico, em 0,59%.
Na última reunião de política monetária do BCE, os governadores tinham já discutido estas hipóteses, mas Draghi apresentou-as de forma passageira. Desta vez, não quis deixar dúvidas: tanto um corte nos juros como uma nova ronda de compra de ativos (do programa que está agora em fase de reinvestimento) são hipóteses sérias.
O BCE mudou, na semana passada, o discurso sobre as taxas de juro da Zona Euro, que espera agora que continuem em mínimos históricos até, pelo menos, junho do próximo ano (face à anterior expectativa do final deste ano). A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento continua em 0%, enquanto as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecerão em 0,25% e -0,40%, respetivamente.
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