Economist: Relançar produção de petróleo em Angola é vital mas não será fácil
A EIU aconselha Angola a aumentar produção de petróleo e a capacidade interna de refinação para revitalizar setor do petróleo, mas diz que resultados desta estratégia vão demorar anos.
A consultora Economist Intelligence Unit (EIU) defendeu este domingo que as reformas que Angola está a lançar para revitalizar a produção de petróleo são vitais para a economia, mas avisou que o processo será longo e difícil.
“Aumentar a produção de petróleo e a capacidade interna de refinação, desenvolvendo o setor do gás, é vital se Angola quiser equilibrar o abrandamento da produção e gerir melhor a distribuição de combustível para evitar falta de combustíveis, mas vão demorar anos até as novas explorações darem frutos, e o fraco ambiente operacional e as preocupações com o ‘compliance’ vão continuar a deter os investidores”, escrevem os analistas.
Num relatório sobre os últimos desenvolvimentos no setor do petróleo, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os consultores da unidade de análise económica da revista The Economist estimam que a produção de petróleo volte a cair este ano, pelo quinto ano consecutivo.
“A queda na produção de petróleo deve-se a uma combinação dos poços em declínio que estão a produzir menos petróleo, paragens por manutenção e falta de novas oportunidades de exploração”, apontam, acrescentando ainda que, “ao mesmo tempo, os preços mais baixos desde meados de 2014 tornaram a exploração dispendiosa nas águas ultraprofundas do país menos atrativa, levando as companhias internacionais a reduzirem as suas operações e a procurarem negócios mais fáceis noutras paragens”.
Encontrar novas maneiras de aumentar a produção petrolífera, insistem, “é a chave para a recuperação económica de Angola, mas não será fácil – já passaram oito anos desde que Angola abriu licitações para novas explorações de petróleo” e, salientam, demora entre oito a dez anos para os novos poços entrarem em produção e Angola começar a receber estas receitas.
Este setor, o mais importante da economia angolana, deverá contrair-se 2,6% este ano, o que se soma às quedas de 9,2% no ano passado e 5,2% em 2016 e 2017, o que “motivou grandes constrangimentos à economia, que depende do petróleo para mais de 90% das exportações, fez o kwanza cair em queda livre, aumentou a inflação e levou a uma escassez de moeda externa”.
O Governo, assim, “viu-se obrigado a endividar-se de forma agressiva para cumprir as obrigações da despesa”, levando a dívida pública a valer 90% do PIB, de acordo com os dados divulgados pelo Fundo Monetário Internacional esta semana na primeira análise detalhada ao programa de assistência financeira no valor de 3,7 mil milhões de dólares, no qual elogia as reformas do executivo e diz que a dívida é sustentável.
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