Hotelaria diz que greve dos motoristas tem “impacto em cascata violentíssimo”

  • Lusa
  • 26 Julho 2019

"Não podemos servir os hóspedes se não formos servidos. Isto tem um impacto em cascata violentíssimo", alerta a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) fez chegar ao Turismo de Portugal a preocupação com o impacto da greve dos motoristas, que será “em cascata violentíssimo”, apelando para que os serviços mínimos cheguem a todo o território.

Em declarações à Lusa, a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, disse que a associação fez “chegar ao Turismo de Portugal, em devido tempo,” as preocupações e, antes de tudo, a “esperança de que possa haver um entendimento entre representantes dos trabalhadores e dos empregadores” para que a paralisação possa não ocorrer.

Há no setor “a grande preocupação que os serviços mínimos possam ocorrer, ao contrário do que aconteceu na Páscoa, para todo o país. Neste momento, temos dito ‘atenção: os serviços mínimos têm que cobrir todo o território nacional e também ser percentualmente mais elevados, os 30% a 40%, e cobrir todas as áreas'”, afirmou Cristina Siza Vieira.

“Sabemos que a saúde e segurança são os pilares, mas neste caso é preciso perceber que no mês de agosto há muitíssmo mais gente no território nacional. No ano passado tivemos mais de três milhões de hóspedes só no mês de agosto, do que é habitual, e, portanto, temos que ter atenção a este peso de pessoas que usam os serviços de saúde, de segurança e tudo o mais como é o abastecimento. Independentemente da ocupação hoteleira e do impacto que tem em toda a comunidade local em torno desta, como os fornecedores, etc.”, explicou a responsável.

“Nós não podemos operar se não tivermos víveres e frescos, mas também se não tivermos carrinhas que distribuem lençóis etc., etc. Não podemos servir os hóspedes se não formos servidos. Isto tem um impacto em cascata violentíssimo“, acrescentou.

A responsável lembrou ainda que faz parte do serviço de saúde ter hospitais privados no Algarve, por exemplo, e não apenas o serviço Nacional de Saúde nos hospitais públicos. “É um destino de famílias, de crianças e pessoas mais seniores e uma população até um pouquinho mais fragilizada porque são estrangeiros, não falam a língua, e temos que ter presentes estas necessidades mais especiais de muito mais população. Temos que acautelar”, reforçou.

A AHP refere alguma apreensão no Algarve porque, ainda em 2018, “estes receberam 15% dos hóspedes da região em agosto”. Mas não só, como mês forte, agosto é assim em todo o país. “No total do país, agosto representou 12% do total dos hóspedes e no Algarve 15%. Temos que compreender que há muito mais gente no país nesse mês do que os nossos habitantes habituais”, acrescentou, sublinhado esperar que “os serviços mínimos sejam cumpridos em razão disso e que sejam cumpridos”.

A greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que começa em 12 de agosto, por tempo indeterminado, ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias. O Governo terá que fixar os serviços mínimos, depois das propostas dos sindicatos e da ANTRAM terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.

O ministro adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, considerou que “todos” devem estar preparados para os “transtornos” da greve dos motoristas de mercadorias, enquanto o responsável pela tutela das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, assegurou que o Governo está “a trabalhar” naquela questão que os serviços mínimos “serão numa dimensão muito satisfatória”.

A greve do SNMMP iniciada em 15 de abril levou à falta de combustível em vários postos de abastecimento em todo o país, tendo o Governo acabado por decretar uma requisição civil e por convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações. O SIMM já veio dizer que as consequências desta greve serão mais graves do que as sentidas em abril, já que, além dos combustíveis, vai afetar o abastecimento às grandes superfícies, à indústria e aos serviços, podendo “faltar alimentos e outros bens nos supermercados”.

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