Itália volta a criar stress nos mercados. Juros da dívida disparam após queda do Governo

O spread de todos os países da Zona Euro em relação à Alemanha alargou-se, demonstrando maior risco. Portugal não ficou imune.

A coligação governativa em Itália não consegue governar e o país deverá realizar eleições antecipadas. O anúncio foi feito esta quinta-feira e os investidores reagem, mostrando renovado stress em relação ao país. O juro da dívida italiana a dez anos disparou e está a contagiar os restantes títulos dos soberanos da Zona Euro.

A yield das obrigações de Itália a dez anos avança 27 pontos base para 1,81%, a caminho da maior subida diária desde maio de 2018, quando o país entrou em conflito com a Comissão Europeia devido às metas orçamentais. Já o juro da dívida a cinco anos superou 1% pela primeira vez em um mês, para 1,1%. A bolsa italiana, o FTSE MIB, afunda mais de 2%.

Apesar de contido, o contágio está a chegar a outros países da Zona Euro. O spread de todos os países em relação à Alemanha alargou-se, o que demonstra maior risco, com destaque para França e Bélgica (cuja yield estava mais próxima da alemã). Portugal e Espanha não ficaram imunes, com o juro dos títulos a dez anos a subir para 0,25% e 0,23%, respetivamente.

O nervosismo dos investidores foi causado pela moção de censura apresentada pelo partido italiano de extrema-direita Liga ao primeiro-ministro, Giuseppe Conte. O vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini, já tinha dito na quinta-feira, que não há forma de superar as diferenças dentro da coligação do Governo. O líder do partido de direita Liga explicou ter dito ao primeiro-ministro Giuseppe Conte que a coligação com o Movimento 5 Estrelas colapsou e que “rapidamente” deveriam “dar uma nova opção aos eleitores”.

Salvini disse ainda que o parlamento italiano, que se encontra encerrado para férias, poderá ser convocado na próxima semana para desenvolver medidas e procedimentos necessários para avançar para novas eleições.

A declaração do vice-primeiro-ministro aconteceu no mesmo dia em que o Conte se encontrou com o presidente Sergio Mattarella para discutir a situação política no país, no seguimento da degradação das relações entre os dois partidos que integram a coligação: a Liga (extrema direita) e o Movimento 5 Estrelas (anti-sistema).

Após meses de discórdia, as tensões agudizaram-se na passada quarta-feira, quando os dois partidos votaram um contra o outro no parlamento sobre o futuro de um projeto para a ligação de comboio de alta velocidade com a França, ao qual o partido de Di Maio se opõe alegando razões ambientais.

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