Amazónia entra na agenda do G7. Quatro dos 7 já falaram
Macron foi o primeiro a sugerir que os incêndios fossem discutidos na cimeira deste fim de semana. Seguiram-lhe Merkel e Trudeau. Faltam os líderes dos EUA, Japão e Itália.
Este fim de semana decorre a cimeira do G7. Os líderes mundiais da Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Canadá Japão e Estados Unidos reúnem-se em Biarritz, sudeste de França, para discutir questões relacionadas com a luta contra as desigualdades, assuntos de política externa e segurança — como é o caso da situação do Irão, da Venezuela ou da Síria -, assuntos de fiscalidade internacional ou as alterações climáticas. Mas há um novo assunto que se impôs e já entrou na agenda: os incêndios da Amazónia. A sugestão partiu de Emmanuel Macron, mas, afinal, o que têm os outros líderes a dizer sobre este assunto?
Os incêndios que deflagram naquele que é considerado o “pulmão” do planeta têm sido notícia em todo o mundo e já chamam a atenção dos principais líderes mundiais. O primeiro a reagir foi Emmanuel Macron. O presidente francês mostrou-se extremamente preocupado com a floresta Amazónia, referindo-se, via Twitter, que se trata de “uma crise internacional” e sugeriu aos membros do G7 que discutissem o assunto na cimeira deste fim de semana. “A nossa casa está a arder. Literalmente“, alertou o presidente.
Tweet from @EmmanuelMacron
Pouco depois do post, Macron foi alvo de críticas por ter usado uma imagem de um incêndio na Floresta Amazónica, mas de 2003. Ainda assim, o apelo do presidente francês não tardou a ser respondido. O primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau disse, pela mesma via, que “não poderia concordar mais” com Emmanuel Macron, sublinhando o trabalho realizado sobre o ambiente na cimeira do ano passado em Charlevoix (Canadá) e apelou a uma ação imediata. “Precisamos de agir pela Amazónia e agir pelo nosso planeta – os nossos filhos e netos contam connosco“, escreveu Trudeau no Twitter.
Tweet from @JustinTrudeau
A chanceler alemã Angela Merkel acompanhou o passo e esta manhã no parlamento alemão disse que via com “grande preocupação” as ações do governo brasileiro a respeito do desmatamento e que queria ter uma “conversa clara” com o presidente do Brasil. Merkel manifestou também apoio a Macron, considerando que se trata de “uma situação urgente”.
Já depois destas declarações, Macron ameaçou votar contra o acordo de comércio livre UE-Mercosul, já que o Presidente Bolsonaro decidiu “não respeitar os compromissos ambientais e não se empenhar em matéria de biodiversidade”, cita a agência Lusa.
Jair Bolsonaro não fez ouvidos moucos às críticas de Macron e de Merkel e, ao chegar a uma reunião em Osaka, acusou o presidente francês de ter “uma mentalidade colonialista”, referindo ainda que a Alemanha tem muito a aprender com o Brasil sobre questões ambientais.
Do lado do Reino Unido, também Boris Johnson vê com preocupação a grande quantidade de incêndios que atinge a Amazónia e, em consonância com os seus homólogos, pediu uma ação internacional. “O primeiro-ministro está profundamente preocupado com o aumento de incêndios na floresta amazónica e com o impacto da trágica perda destes habitats”, disse o porta-voz de Downing Street, citado pelo The Guardian.
Mais tarde, também via Twitter, o primeiro-ministro britânico referiu-se ao assunto como “crise internacional” e ofereceu a colaboração do seu país para ajudar no combate aos incêndios.
Tweet from @BorisJohnson
Pelo que o jornal britânico avança, o líder conservador terá sido pressionado pelo seu rival Jermmy Corby a tomar uma posição contra Bolsonaro. O líder trabalhista considera que “Bolsonaro permitiu, e de fato encorajou, que estes incêndios acontecessem, para limpar a floresta de modo a que a terra pudesse ser usada para a produção agropecuária de muito curto prazo”, cita o jornal.
Falta ainda a posição dos restantes líderes mundiais. Japão, Itália e Estados Unidos ainda não se pronunciaram sobre este assunto, mas poderão faze-lo na reunião do G7 que arranca este sábado. A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.
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