Acordo com credores facilita novos acionistas na Brisa

Brisa e credores chegaram a acordo para resolver disputa judicial. Era uma condição essencial no processo de venda da posição do fundo Arcus na concessionária rodoviária nacional.

O acordo com os credores das concessionárias da Douro Litoral (AEDL) e da Litoral Centro (Brisal) vai facilitar a entrada de novos acionistas na Brisa, onde o fundo Arcus está a vender a sua posição. A resolução da disputa judicial com os fundos e bancos internacionais era mesmo uma “condição essencial” para que o negócio de venda da Brisa pela Arcus pudesse avançar, adiantou fonte próxima do processo ao ECO.

Foi anunciado na quinta-feira um entendimento entre Brisa e os credores com vista a colocar um ponto final nos “litígios judiciais” que opuseram as duas partes nos últimos meses.

Estes credores são fundos e bancos internacionais que compraram mil milhões de euros em dívida contraída pela Brisa junto da banca, com um desconto significativo, e cujos esforços para recuperar o dinheiro motivaram uma “guerra aberta” que chegou, inclusivamente, aos tribunais. Mas o confronto parece ter chegado ao fim e abre-se agora um novo capítulo na vida da Brisa.

Para fechar este acordo de princípio, que ainda aguarda autorização do Governo, a Brisa acordou pagar 15 milhões de euros, abaixo dos 80 milhões de euros que estavam a ser exigidos pelos fundos credores, sabe o ECO.

Com este entendimento, a Brisa garante a manutenção do controlo da Brisal, que explora 97 quilómetros da A17, que liga a Marinha Grande e o Aveiro. Em contrapartida, a concessionária da Douro Litoral, que opera nas A41, A43 e A32 (todas no Grande Porto), passa a ser definitivamente detida pelos credores, que acordaram ainda em desistir dos processos legais intentados contra a Brisa.

O comunicado divulgado ao fim da manhã desta quinta-feira dá conta da “desistência de todos os litígios (de qualquer natureza) atualmente pendentes”. E este é um ponto importante no decurso da venda da participação que o fundo Arcus — um fundo de private equity especializado em infraestruturas e que é liderado em Portugal por Daniel Amaral — detém na Brisa.

Um dos processos que opunha os credores à Brisa era o chamado “processo 501” por referência ao artigo 501.º do Código das Sociedades Comerciais sobre a “Responsabilidade para com os credores da sociedade subordinada”. Na prática, este artigo atribui à Brisa a responsabilidade pelas dívidas da concessionária da Douro Litoral. Fechado o acordo com os credores, todos os processos judiciais caem e a Brisa livra-se de contingências legais que podiam pesar, à partida, nas negociações do fundo Arcus para a saída da maior concessionária de autoestradas do país. Era uma “condição essencial”, confessou uma fonte próxima da operação ao ECO.

Grupo Mello, liderado por Vasco de Mello, detém mais de 30% da Brisa

O ECO Insider — a newsletter semanal exclusiva para assinantes — já tinha revelado que o fundo Arcus estava vendedor, mas que ainda não tinha desencadeado o processo de venda, que está a ser conduzido pelo BCP e pelo Morgan Stanley. Já acionou, entretanto, o trigger para o arranque da operação, sem data marcada, mas com um calendário de referência, durante os próximos meses.

O fundo Arcus detém uma participação direta e indireta de cerca de 20% na Brisa, e ainda uma posição indireta, através da Tagus, uma sociedade em conjunto com o grupo Mello que tem, ela própria, 44% dos direitos de voto da concessionária.

Esta semana, o ECO revelou que o grupo Mello deixou passar o prazo para exercer o chamado right of first offer, ou seja, o direito de fazer a primeira oferta no processo de compra da posição do Arcus. Nenhuma hipótese está fechada neste momento.

O grupo Mello contratou o Rotschild para avaliar as alternativas de negócio e para a Arcus, claro, a melhor solução seria uma operação de venda global da Brisa, porque isso significaria a venda do controlo da empresa, logo, um prémio que maximizaria o negócio. Outra alternativa seria, ou será, o grupo Mello arranjar um comprador para aquela posição, direta e indireta. E nenhuma das hipóteses está fechada.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Acordo com credores facilita novos acionistas na Brisa

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião