Como recuperar a confiança dos cidadãos? OCDE revela a receita com apenas três ingredientes

Confiança é a palavra-chave, tanto para as instituições financeiras como para o comércio eletrónico. A OCDE diz-lhe quais são os ingredientes para recuperar a confiança dos consumidores.

O envelhecimento da população, as baixas reformas e ritmo do crescimento são alguns fatores que têm vindo a deteriorar a confiança dos cidadãos. A conclusão é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que publica, agora, através do Business and Finance Outlook 2019, a receita para recuperar a confiança nas instituições financeiras. Isto depois de, noutro relatório, ter elogiado o sistema de pensões português.

O primeiro passo é “promover uma administração prudente de pensões e apoiar os fundos de pensões”, diz a OCDE, acrescentando que isso faria com que os cidadãos voltassem a acreditar que os sistema de pensões são geridos de acordo com os interesses dos trabalhadores. Mas a receita da confiança passa, também, pela melhoria da proteção financeira do consumidor, bem com pela abordagem de riscos ambientais e sociais.

Só assim, de acordo com a publicação da OCDE, se pode recuperar a confiança nas instituições financeiras. “Um ponto de partido nesse sentido é o reforço da implementação e aplicação das leis existentes e dos instrumentos políticos da OCDE”, desde as diretrizes para empresas multinacionais aos princípios sobre proteção financeira do consumidor, lê-se no Business and Finance Outlook 2019.

“As respostas políticas a esse respeito também devem abordar adequadamente os desafios do aumento da digitalização, bem como a necessidade de alinhar instituições financeiras com deveres sociais”, acrescenta a organização.

Recorde-se que, há pouco mais de uma semana, a OCDE considerou o sistema de pensões português um “bom exemplo” de como é possível equilibrar os objetivos de equidade entre beneficiários com as metas de sustentabilidade financeira. “Se todos os países da OCDE adotassem uma abordagem semelhante [à portuguesa] até 2020 (à exceção daqueles que têm, atualmente, legisladas subidas da idade da reforma ainda maiores), a taxa de emprego dos trabalhadores mais velhos e o PIB per capita a longo prazo subiriam, aliviando o stress das finanças públicas”, dizia a organização liderada por José Ángel Gurría, no relatório “Working Better With Age”.

Prática das empresas em conformidade com a lei

Do lado das empresas, a OCDE salienta, ainda, que um pilar fundamental da confiança é a “crença de que as empresas conduzem as suas operações em conformidade com a lei”, algo que é construído de duas formas. Em primeiro lugar, as empresas devem “tomar medidas para impedir que atividades ilegais ocorram“. E, se houver suspeitas de conduta ilegal, “devem denunciar às autoridades essas suspeitas e cooperar na resolução da questão”, refere a organização.

Neste tópico, os governos têm um papel importante. Em termos globais — e dado o crescente número e complexidade de casos de crimes corporativos — a OCDE diz que devem ser feitos esforços adicionais, de modo a “colaborar e harmonizar os sistemas de responsabilidade corporativa, país a país”.

Confiança, o maior entrave do comércio eletrónico

o comércio eletrónico, que oferecem uma série de benefícios aos consumidores (como produtos novos e mais baratos), “só pode atingir o seu potencial com a confiança do consumidor”, afirma a OCDE, relembrando que, por vezes, é difícil obter informações sobre determinado produto ou até avaliá-lo, por exemplo. Por vezes, os consumidores são obrigados a confiar em indicadores “imprecisos” de qualidade o que os leva a guiarem-se pelas marcas, um fator que acaba por dificultar a entrada de novos players.

“Estabelecer um ambiente de confiança nos mercados digitais exige multidisciplinaridade das autoridades responsáveis [de modo a] garantir uma concorrência justa, proteção ao consumidor e proteção de dados, além de outros reguladores”, remata a OCDE.

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