“Concorrência desleal” na Europa está a condicionar crescimento no setor do vestuário
Vestuário destaca que é necessário a criação de uma associação europeia dedicada ao setor que faça frente à concorrência desleal dentro da Europa e que defenda os interesses dos empresários.
O setor do vestuário registou uma quebra de 1,3% nas exportações, no primeiro semestre do ano. Consciente que a indústria do vestuário está a passar por um momento de mudança, o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (Anivec), César Araújo, destaca a necessidade de agir para acabar com a “concorrência desleal” a que se assiste na Europa, com a entrada de players de mercados como Bangladesh ou Paquistão. E sugere a criação de uma associação europeia dedicada exclusivamente ao vestuário.
O presidente da Anivec explica ao ECO que perante o clima de incerteza existente na Europa e no mundo existe a necessidade de criar uma associação europeia que represente os interesses dos empresários junto da União Europeia face à abertura a países emergentes. Afirma não ser contra a abertura de mercados, mas explica ao ECO que parte da problemática prende-se com o facto da Europa estar a abrir as portas a outros mercados, como é o caso do Bangladesh, Vietname, Egito e Paquistão, que vendem produtos muitos mais baratos, sem taxas aduaneiras.
Considera que o que está a acontecer na Europa é “concorrência desleal” e que existe a necessidade de “criar regras mais do que nunca”. Acredita que a criação de uma associação europeia que defenda os interesses do setor pode colocar “um certo travão à forma selvagem” como a Europa está a abrir-se a outros mercados”.
“Não podemos competir com países onde o salário pago às pessoas é inferior a 100 dólares mensais. Por isso, essa associação poderá vir a propor soluções a nível europeu que vão permitir reclamar na UE uma defesa dos interesses de toda a indústria do vestuário”, destaca César Araújo.
César Araújo adianta que a Anivec tem vindo a conversar com algumas associações de outros países europeus para perceber se é realmente viável a constituição de uma associação europeia e, sendo, qual é o momento oportuno para essa criação. “O setor do vestuário necessita de uma voz mais forte em Bruxelas que defenda os interesses da indústria do vestuário e a forma como a Europa se está a comportar com os mercados emergentes”, destaca o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção.
Não sou contra a abertura de mercados, mas é preciso criar regras. O vestuário está a ser mal tratado pela Europa e não está a ter o respeito que devia ter.
Alerta que perante este cenário “de falta de regulamentação” não está seguro que a indústria de vestuário portuguesa vá vencer.
Constata ainda que “se tivesse existido uma associação setorial da confeção de vestuário e moda a nível europeu aquando da negociação da integração da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) ou nos mais recentes acordos com a Europa, teriam sido acauteladas algumas situações que não foram”.
Confrontado com a ideia de unir todas as associações ligadas ao setor têxtil e ao setor do vestuário, César Araújo não concorda pois frisa que é “necessário a criação de uma associação única para defender os interesses específicos do setor”. Destacando que “o setor do vestuário tem especificidades muito diferentes dos subsetores do têxtil, assim como do calçado”.
Refere que o setor do vestuário tem cerca de 4.000 empresas associadas que empregam mais de 90 mil trabalhadores. Segundo o presidente “é um dos maiores setores do país” e só em vestuário foram exportados 3,2 milhões de euros. Face à dimensão defende a “criação de uma associação setorial dedicada a esta indústria, sem ambições de se sobrepor a outros setores”.
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