Na mesa do recrutador: Sandra Brito Pereira do Banco Montepio
À frente de uma direção que estava sem responsável há 18 meses, Sandra continua no processo de reconhecer os cantos à casa.
3520. Sandra Brito Pereira chegou há seis meses ao Montepio e sabe, um por um, o número de trabalhadores do banco. Licenciada em direito, Sandra Brito Pereira, 50 anos, trabalhou em grandes sociedades de advogados, fundou a sua própria sociedade e decidiu depois fazer um MBA na Universidade Nova.
“Queria algo na área da gestão. Um dos meus professores foi para secretário de Estado e convidou-me para chefe de gabinete”, conta à Pessoas. Foi vezes chefe de gabinete, sempre nas Finanças e, uma última vez na presidência do Conselho de Ministros, a diretora de gestão de pessoas conseguiu, nessa ocasião, “estar do lado do legislador. Achei isso fascinante”, refere.
Começou depois naquela que chama a “vida das empresas”: primeiro como administradora de uma empresa da área do património imobiliário, depois disso na Carris. De seguida, mudou-se para Nova Iorque para fazer o Doutoramento. No regresso, desafiaram-na a uma primeira experiência na área da gestão de recursos humanos. “Eu nunca tinha pensado em trabalhar em recursos humanos mas foi a partir daí que comecei a trabalhar para e com as pessoas”.
Depois da Carris, Sandra mudou-se para a Jerónimo Martins onde ocupou os cargos de Head of Global Learning, sempre na parte corporativa, e ajudou a desenvolver toda a estratégia de formação e desenvolvimento interno para 86.000 colaboradores, na altura. O desafio do Montepio apareceu de seguida. “Esta coisa de vir para uma organização que está em pleno turn around, num setor muito agastado, as pessoas muito desalentadas, ainda por cima neste caso em particular um banco que sofreu muitas notícias difíceis para as pessoas, é um enorme desafio”.
E se o desalento generalizado poderia ser encarado como ponto contra a decisão, Sandra garante que funcionou, pelo contrário, como catalisador. “Senti que era daqueles planos de transformação que era a minha cara. O impacto é sempre positivo”, garante.
À frente de uma direção que estava sem responsável há 18 meses, Sandra continua no processo de reconhecer os cantos à casa. É um projeto que exige muita maturidade emocional e também generosidade, gostar mesmo das pessoas. Porque vamos ouvir muitas deceções, temos de ter capacidade de galvanizar equipas. Por outro lado, o novo conselho de administração é muito jovem e expedito, dinâmico e focado, isso para quem está a reportar é muito importante porque sentimos a casa a avançar. Estar aqui é trabalhar no passado, no presente e no futuro”, explica.
Com uma equipa com idades de 45 anos, em média, e 15 anos de antiguidade, um dos maiores projetos de Sandra é motivar os trabalhadores para o banco voltar aos “resultados extraordinários”, que teve em tempos. “Para este ano temos a frase ‘vamos ganhar 2019’ que significa que, se fizemos no passado, vamos voltar a fazer agora. É todo esse levantar que, para um gestor de pessoas, é muito motivador e gratificante, o processo em que estamos agora.”
Agenda em papel
O objeto é motivo de “gozo” mas carrega, garante Sandra, “tudo” o que se lembra. “Até durante o fim de semana”, conta. “Misturo muito a vida pessoal e a profissional, digamos que é a minha orientação integrada. Gosto de usar o papel, apesar de usar também a digital”.
Livro
“An everyone culture” foi uma recomendação de um amigo. “Tem um foco sobre a gestão de pessoas completamente diferente: aqui o paradigma é no sentido de desenvolvermos o talento de todas as pessoas. Aquela ideia de, obviamente, termos considerações economicistas mas tendermos a uma gestão casuística e individualizada. Conseguirmos chegar ao âmago de cada pessoa e chegarmos ao fit do que ela fará de forma a que se sinta continuamente desenvolvida, o tal growing mindset”, conta Sandra.
Fotografia
A moldura é elemento essencial na mesa de trabalho mas, sobretudo, na vida da gestora de pessoas. “A família é a minha base. Há dias difíceis, este trabalho é muito exigente e faz com que, às vezes, face às outras dimensões da vida, nos sintamos culpabilizados. São a minha âncora e aquilo que me dá energia suficiente para poder dedicar tanto tempo à minha vida profissional”.
Frutos secos vs caramelos
As longas horas de trabalho exigem uma dose de energia extra. Por isso, Sandra tem sempre em cima da mesa, um frasco com frutos secos e uns caramelos para oferecer em dias que parecem intermináveis. “Gosto de, quando estamos em reuniões ou até tarde, poder ir oferecer caramelos”.
Caneta
Bordeaux, pesada e clássica. Esta caneta é usada por Sandra para os “momentos importantes na vida”. “Uma coisa que faço com uma caneta especial são as admissões: temos uma carta de boas-vindas e acho que o primeiro dia numa empresa merece sentir o peso de ser um dia especial. Escolhi a caneta porque os dias não são todos iguais e as coisas que fazemos não têm o mesmo impacto. Estamos a trabalhar muito no onboarding e na integração, para que as pessoas se sintam bem integradas, e para que isso seja um acelerador do seu melhor desempenho”.
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