Secretário de Estado do Orçamento acusa PSD de “logro” e de ter números “estratosféricos”
As contas não são novas, mas a adjetivação é. A guerra de números entre socialistas e PSD sobe de tom. Secretário de Estado do Orçamento olha para o programa do PSD e fala de “logro, milagre e magia".
A cinco dias de eleições, a discussão em torno dos programas eleitorais sobe de tom. Depois de Mário Centeno ter convocado esta semana uma conferência para dizer que existem “4.750 milhões de euros por explicar nas contas que o PSD apresenta no seu programa eleitoral”, agora é a vez do seu secretário de Estado entrar na discussão para acusar o PSD de “logro”.
Num artigo de opinião que assina esta quarta-feira no ECO, João Leão, secretário de Estado do Orçamento, faz as contas para chegar ao mesmo número de Mário Centeno, mas o artigo é acompanhado de críticas violentas ao programa social-democrata e a Joaquim Miranda Sarmento, o responsável pelo programa económico dos social-democratas e mandatário nacional da campanha do PSD.
O “logro destas propostas do PSD”, “exercícios de magia”, “um milagre”, “uma contradição insanável”, uma “verdadeira alquimia” e um “investimento público estratosférico” são algumas das expressões escolhidas pelo secretário de Estado para atacar o PSD, Rui Rio e o economista Joaquim Miranda Sarmento.
No artigo de opinião (que pode ler aqui na íntegra), João Leão diz que “o buraco de 4.750 milhões de euros no défice orçamental” provocado pelo programa do PSD “antecipa cortes nas pensões, salários e SNS”.
“Para compreendermos melhor o logro destas propostas do PSD, vejamos em que se baseia aquele cenário macroeconómico. O PSD prevê um milagre da multiplicação da receita: entre 2019 e 2023, as instituições independentes, como o FMI e o Conselho das Finanças Públicas, estimam um aumento médio da receita total do Estado de 11 mil milhões de euros. O PSD estima, certamente por milagre, que esse aumento seja de 15 mil milhões. Ou seja, a receita que nos prometem cortar é a receita que não existe em nenhuma estimativa independente. A isto chama-se um logro”, escreve o secretário de Estado.
Ainda sobre as contas das receitas do PSD, João Leão fala em “exercícios de magia” que podem resultar em “derrapagens, orçamentos retificativos e cortes nos rendimentos”.
No artigo, o governante compara ainda o programa do PSD com as propostas que Joaquim Miranda Sarmento fez no livro que publicou em janeiro, para falar em “contradição insanável” já que nessa publicação o economista propunha algumas medidas de aumento de impostos.
Sobre o investimento público, que o PSD quer aumentar de 2% para 3,2% do PIB, João Leão afirma que o aumento é “estratosférico” e que “não tem paralelo na Europa”. E aqui volta a fazer uma referência ao livro de Joaquim Miranda Sarmento que defendeu “o contrário”, ou seja, uma redução do investimento público dos atuais 2% para 1,5% do PIB.
FMI e Conselho das Finanças Públicas estimam um aumento médio da receita total do Estado de 11 mil milhões de euros. O PSD estima, certamente por milagre, que esse aumento seja de 15 mil milhões. Ou seja, a receita que nos prometem cortar é a receita que não existe em nenhuma estimativa independente. A isto chama-se um logro.
Esta terça-feira, ainda em resposta a Mário Centeno, Joaquim Miranda Sarmento publicou uma nota no site do PSD onde acusa o PS de falta de transparência e responde aos ataques do ministro das Finanças.
“As nossas contas e o nosso cenário macro e orçamental é público e debatível. O que não podemos dizer do programa do PS”, acusava o porta-voz laranja para as contas públicas.
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