Ruas critica desvio de fundos comunitários do interior para “a gorda Lisboa”
O cabeça de lista do PSD pelo círculo de Viseu acusou o Governo de “esmifrar os orçamentos municipais” e denunciou o o desvio de verbas comunitárias destinadas à coesão do interior para Lisboa.
O cabeça de lista do PSD pelo círculo de Viseu, Fernando Ruas, denunciou e criticou esta terça-feira o desvio de verbas comunitárias destinadas à coesão do interior para “a gorda Lisboa”, considerando que é preciso “dizer basta” a esta situação.
Fernando Ruas, cara conhecida da região, fez esta terça-feira um discurso de cerca de 15 minutos na abertura do primeiro jantar-comício da campanha social-democrata para as eleições legislativas de domingo, no pavilhão multiúsos de Viseu.
Acusando o Governo de “esmifrar os orçamentos municipais”, o antigo autarca de Viseu durante duas décadas, apontou que os presidentes de câmara sabem “como lhes é exigido, para terem investimentos da responsabilidade do Governo, investimentos públicos, [que] têm que comparticipar”.
Notando que “não é isto que tem acontecido em Lisboa”, Fernando Ruas lembrou que o atual primeiro-ministro, António Costa, foi anteriormente presidente da Câmara de Lisboa.
“Eu não sei se foi pela conveniência do senhor primeiro-ministro vir da Câmara de Lisboa, enquanto nestes concelhos do nosso distrito se queremos a escola é necessário que a câmara arranje os terrenos, é necessário que a câmara tenha alguma comparticipação, se queremos os hospitais é necessário que a câmara disponibilize os terrenos, em Lisboa tudo é pago à Câmara Municipal”, criticou.
Na opinião do candidato, esta situação acontece à custa do “desvio de verbas comunitárias”, mas, advogou, “isto não é forma de tratar, de facto, este interior”.
“Nós pertencemos a um distrito que está situado nas duas regiões mais pobres do país, e não é justo que os dinheiros que vêm da coesão, exatamente para pôr o desenvolvimento destas regiões ao nível das regiões da Europa, seja desviado por artifícios que conhecemos para a gorda Lisboa”, defendeu.
O candidato social-democrata assinalou que é altura de “dizer daqui ‘basta’”, prometendo “denunciar estas situações” até que a voz lhe doa.
Assim, Ruas advogou que “os 11 milhões de euros por dia” que Portugal recebe da União Europeia “têm de chegar” à região, justificando que “não é justo que o investimento público apenas chegue” ao interior “pela mão das autarquias e que não haja decisões governamentais” nesse sentido.
No seu discurso, que antecedeu o do presidente do partido, Fernando Ruas aproveitou para convidar também o secretário-geral do PS a repetir a corrida que fez enquanto candidato à presidência da Câmara de Loures, mas na estrada nacional 229.
Quando concorreu à Câmara de Loures, em 1993, António Costa organizou uma corrida entre um burro e um Ferrari na Calçada de Carriche, que liga aquele município a Lisboa, como forma de salientar que era necessário resolver o problema dos engarrafamentos no acesso à capital.
Esta quarta-feira, num jantar-comício na capital de distrito, o histórico autarca convidou Costa a repetir a iniciativa, mas na estrada nacional que liga Viseu a Sátão, antecipando que se repetiria o pódio de há 26 anos e chegaria mais depressa ao destino montado no animal do que dentro do carro.
“Nós vivemos no interior porque queremos, nós vivemos no interior porque gostamos, não deixamos que o interior continue a ser esquecido como tem sido feito até agora”, sublinhou o cabeça de lista do PSD, afirmando que “o país está cada vez mais assimétrico, cada vez mais desigual”.
Assinalando que daqui a quatro anos vai voltar para “prestar contas”, Ruas prometeu levar estes problemas a público até que a “situação seja alterada”.
O candidato social-democrata referiu ainda as grandes votações que o antigo líder Aníbal Cavaco Silva conseguiu em Viseu e aproveitou a deixa para profetizar um bom resultado do PSD no domingo: “Eu não sei agora que ‘quistão’ é que nos vão chamar, mas seguramente há de ser um ‘quistão’ bom, de certeza absoluta”.
Antes de Fernando Ruas, o palco foi do líder da distrital, Pedro Alves, que considerou que “nada de relevante aconteceu” nos últimos quatro anos de executivo socialista e defendeu que “este foi o pior Governo para o interior do país”.
Em 2015, nas anteriores eleições legislativas, a coligação PSD/CDS-PP conseguiu eleger seis deputados por Viseu, cinco dos quais sociais-democratas.
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