Congresso da APDC arranca com telecoms e regulador de costas voltadas e sem painel habitual de media
Começa esta quarta-feira o 29.º Digital Business Congress, o importante congresso anual da APDC. Este ano, o evento vai discutir o "futuro dos negócios", explica Rogério Carapuça ao ECO.
O congresso anual da APDC arranca esta quarta-feira num contexto de transformação digital acelerada e em pleno processo de adoção do 5G em Portugal, procurando perceber “o que é que isso vai provocar nos negócios, a que velocidade é que se vai fazer e como é que se vai fazer”, disse ao ECO o presidente da associação, Rogério Carapuça.
“Aquilo que destacaria deste congresso é a nossa ênfase naquilo que chamaria o futuro dos negócios. Como é que vão ser, nos próximos anos, os setores da indústria, energia, governo, comércio, seguros, media e telecomunicações”, afirmou o líder da Associação para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC).
No evento, ao longo de dois dias, estarão presentes responsáveis de empresas como El Corte Inglés e Fidelidade, ou governantes como o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, e o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda. Mas, sobretudo, o Digital Business Congress é um raro momento em que os presidentes executivos das três principais operadoras de telecomunicações — Alexandre Fonseca (Altice Portugal), Miguel Almeida (Nos) e Mário Vaz (Vodafone) — se juntam no mesmo painel.
Este ano, porém, o habitual painel do Estado da Nação das Comunicações que encerra o evento, em que estes gestores debatem em público as principais questões que afetam o setor, não vai ter a Anacom representada, numa altura em que as empresas e o regulador estão de costas voltadas. João Cadete de Matos, presidente da Anacom, discursa já esta quarta-feira, na sessão de abertura, sem a presença dos líderes das empresas do setor.
Questionado acerca desta decisão, Rogério Carapuça disse ter sido uma opção do regulador. Instado a fazer uma avaliação deste atual contexto, o presidente da APDC evitou tecer considerações: “Deixo que sejam os protagonistas a falar. Não me parece que seja o presidente da APDC que se deva pronunciar sobre essa matéria”, indicou.
O painel mais popular do congresso fica ainda marcado pela ausência dos CTT, algo que acontece pela primeira vez nos últimos anos. No mantado de Francisco de Lacerda, o gestor partilhou o palco do Centro Cultural de Belém (CCB) com os líderes das telecoms, mas a nova administração de João Bento decidiu não fazer parte este ano, uma vez que este debate costuma focar-se muito nas comunicações eletrónicas e não no setor postal.
“Há uns anos que se falava que, por vezes, os correios ficavam diluídos naquele debate, no sentido de que o debate caminhava mais para ser um debate de telecomunicações e não tanto um debate da área postal. Portanto, os CTT acreditaram que esse fenómeno tenderia a acentuar-se e que não se reconheciam naquele painel como sendo um painel deles, mas sim um painel de telecomunicações”, confessou Rogério Carapuça.
Aquilo que destacaria deste congresso é a nossa ênfase naquilo que chamaria o futuro dos negócios.
Outra novidade nesta 29.ª edição do Digital Business Congress é a inexistência de um painel dedicado ao Estado da Nação dos Media, em pleno processo de compra da Media Capital pela Cofina, um negócio que dará origem a um gigante. “Vimos que, no ano passado, esse debate teve pouca audiência e, por isso, pelo menos este ano, acreditámos que, se calhar, não valeria a pena fazer. Talvez voltemos a repetir esse formato um pouco mais tarde”, admitiu.
Sobre se a decisão não tenderá a marginalizar um setor já de si em dificuldades, Rogério Carapuça recusou. “Penso que não. Foi uma constatação consensual entre nós e as próprias pessoas que, tradicionalmente, participaram nessa iniciativa. Não quer dizer que não se faça num próximo ano, mas resolvemos não fazer este ano, uma vez que, no ano passado, foi claramente das sessões menos procuradas”, defendeu o presidente da APDC.
Em substituição, este congresso contará com um momento para debater o “futuro dos media”, onde estarão representadas a SportTV, a RTP Arena e a Fox, sendo antecipado por uma conversa na qual participará a apresentadora da SIC, Cristina Ferreira.
Esta edição do congresso tem como presidente a ex-líder da Anacom, Fátima Barros, que dará o tiro de partida na sessão de abertura, pelas 9h00. Nela, também vai estar presente o humorista Ricardo Araújo Pereira.
“Vamos procurando fazer o congresso aproximar-se daquilo que faz mais sentido para os nossos associados. Houve anos em que estivemos mais virados para os temas tecnológicos e anos em que focámos mais os temas de negócio. Este ano, com o acentuar da transformação digital, decidimos regressar aos temas de negócio”, conclui Rogério Carapuça.
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