Hong Kong: participação nas eleições sobe para históricos 70% ao fim de quatro meses de protestos

Depois de quatro meses de protestos, cada vez mais violentos, os cidadãos de Hong Kong foram às urnas para eleger representantes municipais. Participação passou dos já históricos 58% para quase 70%.

Quatro meses de protestos, cada vez mais violentos e sim fim à vista, tiveram uma curta trégua este domingo na ilha de Hong Kong, onde os cidadãos desta região especial acorreram às urnas em números nunca vistos. De acordo com o South China Morning Post, o último registo aponta para que a participação tenha ficado muito perto dos 70%, um recorde de participação nesta região. O último recorde de participação havia sido para eleger a Assembleia Legislativa, em 2016, quando 58% dos eleitores registados votaram.

Os últimos meses têm sido marcados pelos protestos cada vez mais violentos na região de Hong Kong. Tudo começou com a apresentação de uma proposta de lei na Assembleia Legislativa para a extradição de suspeitos de crimes, na sequência de um caso em Taiwan em que um cidadão de Hong Kong terá assassinado a namorada enquanto passavam férias.

Com receio de que esta proposta fosse apenas uma desculpa para extraditar cidadãos de Hong Kong para o continente chinês, onde os tribunais e os acusados não gozam dos mesmos direitos e liberdades, os cidadãos de Hong Kong saíram à rua. Mas mesmo depois de a líder do Executivo, Carrie Lam, ter dito que ia suspender a proposta de lei, os protestos não pararam.

Pelo contrário, os manifestantes intensificaram as suas atividades, com várias reivindicações, entre elas a demissão de Carrie Lam e eleições por sufrágio universal (atualmente só uma parte da Assembleia Legislativa é escolhida por voto direto e o líder do Executivo é escolhido por um conselho, e tem de ter aprovação de Pequim).

Este domingo, os cidadãos da região fizeram uma pausa nos seus protestos para votar para os 452 lugares de conselheiro municipal, os responsáveis pela gestão dos vários bairros de Hong Kong. O resultado já é histórico, mesmo sem se saber quem são os vencedores, com a participação a aumentar para 69%, e em alguns distritos a ser superior.

O jornal sedeado em Hong Kong destaca ainda a tensão entre os eleitores, com ajuntamentos nas mesas de voto já depois do fecho das urnas para garantir que não há ilegalidades na contagem. Numa das localidades, houve protestos por terem chegado, já depois da hora, duas urnas de voto. Os responsáveis locais argumentam que se tratavam de votos de pessoas com incapacidades motoras que escolheram votar noutra localidade, porque o acesso à mesa de voto era mais fácil, recusando qualquer ilegalidade.

Apesar de estas eleições não terem influência nas decisões da Assembleia Legislativa de Hong Kong, os resultados poderão ser um barómetro do apoio que os manifestantes têm ou não, depois de quatro meses que deixaram a região em estado de sítio e a sua economia em recessão.

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