Empresários portugueses são os que mais se queixam de “ligações políticas”
Portugal é o país da UE com mais empresários a considerar que a única forma de ter sucesso nos negócios é tendo ligações políticas, revela um inquérito divulgado pela Comissão Europeia.
Portugal é o país da União Europeia com uma maior proporção de empresários (65%) a considerar que a única forma de ter sucesso nos negócios é tendo ligações políticas, revela um inquérito divulgado esta segunda-feira pela Comissão Europeia.
O “Eurobarómetro” sobre a atitude das empresas relativamente à corrupção, publicado por ocasião do Dia Internacional Contra a Corrupção, que esta terça-feira se assinala, revela também que os empresários portugueses são os europeus que mais concordam que as ligações muito próximas entre negócios e política no país levam à corrupção (93%) e onde mais inquiridos (92%, a par da Grécia) defendem que o favoritismo e a corrupção prejudicam a concorrência empresarial.
Num inquérito levado a cabo junto de empresas dos mais diversos setores, nos 28 Estados-membros, com mais de um trabalhador – sendo os inquiridos necessariamente alguém com poder de decisão -, Portugal foi o país onde se registou uma proporção mais elevada de inquiridos que consideram que “a única forma” de ter sucesso nos negócios é tendo algum tipo de ligações políticas, com 31% a responderem que “concordam em absoluto” com essa ideia e 34% a dizerem que tendem a concordar.
Este valor combinado de 65% é o mais alto da UE, à frente da Roménia (63%) e de Itália (61%), enquanto no extremo oposto da lista apenas 11% dos dinamarqueses consideram que o mesmo sucede no seu país (e apenas 2% concordam em absoluto com essa ideia).
Em quase todos os Estados-membros, mais de metade dos inquiridos concorda que “ligações demasiado próximas entre os negócios e a política” nos respetivos países leva à corrupção, mas Portugal volta a surgir no topo da lista, já que esta ideia é corroborada por 93% dos entrevistados – 59% concordam totalmente e 34% tendem a concordar -, à frente de Bulgária (92%) e Grécia (90%).
Quando questionados sobre se consideram que o favoritismo e a corrupção prejudicam a concorrência entre empresas no seu país, os portugueses voltam a encabeçar a lista, com 92% a concordarem que tal é o caso, e 72% a responderem de forma inequívoca, concordando “totalmente”, um valor que é mais que o dobro da média europeia (35%), e acima da Bulgária (63%), Grécia e Espanha (61%).
À pergunta mais geral sobre o quão propagada está a corrupção no respetivo país, 92% dos empresários portugueses inquiridos consideram que está muito (55%) ou algo (37%) espalhada, o terceiro valor mais alto da União, apenas atrás da Roménia e Grécia, e apontam o favorecimento de amigos e/ou familiares como o principal problema.
Ainda assim, a corrupção é apontada pelos empresários portugueses apenas como o terceiro maior problema quando se faz negócios em Portugal, surgindo em primeiro lugar da lista a carga de impostos e em segundo a falta de meios ou procedimentos para recuperar dívidas de outrem.
Em Portugal, o inquérito, conduzido pela Marktest, decorreu entre 30 de setembro e 11 de outubro, tendo sido entrevistadas 300 pessoas com responsabilidades em empresas.
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