“A prioridade do próximo Parlamento deve ser o combate à corrupção”, diz Santos Pereira
O antigo ministro considera que a corrupção e impunidade estão entre os principais problemas de Portugal. Pede "consequências" para quem cometeu "graves crimes" e levou o "país à bancarrota".
O combate à corrupção deve ser prioritário para as instituições portuguesas, em especial o Parlamento que se prepara para entrar em funções na perspetiva de Álvaro Santos Pereira. O antigo ministro e atual diretor do departamento de estudos sobre países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) considera que há impunidade para quem “levou o país à bancarrota”.
“É importante colocar na ordem do ideia é o combate à corrupção. Tantos anos depois de o país ter caído na bancarrota e de termos tido a maior crise financeira da nossa história, continuamos à espera que haja consequências“, afirmou Santos Pereira, à margem da conferência Fábrica 2030, organizada pelo ECO em parceira com a Fundação Serralves, esta quinta-feira no Porto.
“Ainda não aconteceu porque não temos um quadro institucional suficientemente forte na luta contra a corrupção. Portanto o que é importante é discutir medidas e penso que o próximo Parlamento deve ter como primeira prioridade o combate à corrupção para credibilizar a justiça, a política e a própria democracia“, sublinhou o antigo governante.
Questionado sobre se se estava a referir ao antigo primeiro-ministro José Sócrates (que é arguido no processo Marquês), não respondeu e afirmou apenas que se está a referir à justiça portuguesa de forma abrangente por considerar que “não é aceitável” que se passem anos e anos sem que nada aconteça “depois de graves casos que aconteceram no nosso país”.
“Não é aceitável porque temos de ter uma Justiça que seja mais honesta e criar os mecanismos para a justiça — não só ao nível de meios, mas também mudar as práticas — para podermos combater a corrupção, que é um dos grandes males que temos no nosso país”, defendeu. “Estou a falar do quadro institucional anti-corrupção. Como é que podemos fazer enquanto país para atuar mais rapidamente com consequências para as pessoas que levaram este país à bancarrota e que cometeram graves crimes económicos e financeiros a este país“.
Durante a conferência Fábrica 2030, Álvaro Santos Pereira identificou o combate à corrupção e ao corporativismo como um dos sete grandes desafios para o futuro de Portugal. Os outros são o baixo crescimento, o endividamento elevado, a abertura da economia, a baixa produtividade, o envelhecimento da população e o impacto das alterações climáticas.
Em janeiro, este tema tinha gerado polémica em torno de Santos Pereira depois de a corrupção ter sido destacada, pela primeira vez, num relatório da OCDE sobre a economia portuguesa. Na base da conclusão está o trabalho da equipa do antigo ministro e tendo levado o Governo a pressionar para a retirada do capítulo. Este acabou por ser publicado, mas Álvaro Santos Pereira não esteve na apresentação do documento.
“A cultura de impunidade que temos no nosso país é uma pouca-vergonha para a nossa democracia e para a nossa justiça. O combate à corrupção deve ser um desígnio de todos os partidos“, acrescentou esta quinta-feira o economista.
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