Álvaro Santos Pereira: “Enquanto não crescermos entre 3% e 3,5% ao ano não podemos contentar-nos”
Na conferência Fábrica 2030, organizada pelo ECO em parceria com a Fundação de Serralves, o antigo ministro falou da importância de reindustrializar para apoiar o crescimento económico do país.
O elevado endividamento do país, a par da corrupção e da baixa competitividade são um entrave ao crescimento económico de Portugal, segundo Álvaro Santos Pereira. O antigo ministro e atual diretor do departamento de estudos sobre países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) defende que são necessárias reformas para garantir o crescimento futuro.
“Infelizmente, na campanha eleitoral não se debateram os grandes problemas do país, os desafios que temos pela frente. Estamos a crescer a ritmo razoável, mas o importante é manter esse crescimento e acelerar“, afirmou Santos Pereira, na conferência Fábrica 2030, organizada, esta quinta-feira no Porto, pelo ECO em parceira com a Fundação de Serralves.
Santos Pereira considera que a expansão da economia e a redução do endividamento devem ser prioridades de quem estiver no Governo, independentemente do partido. “Enquanto não crescermos entre 3% e 3,5% todos os anos não podemos contentar-nos“, sublinhou o economista, que falava no dia seguinte a serem conhecidas as projeções do Governo o crescimento do país nos próximos anos.
O Governo vê a economia a crescer 1,9% este ano e o Orçamento com um défice melhor de 0,1% do PIB. Para 2020, o Executivo aponta para um PIB a acelerar para 2% e contas públicas equilibradas, com saldo nulo. As novas metas, que foram assumidas terça-feira junto da Comissão Europeia, traduzem o impacto da nova base das contas nacionais, mas não incluem ainda as medidas que o Governo quer incluir no Orçamento do Estado e cujo apoio ainda terá de negociar com os partidos à esquerda.
“Reindustrializar é preciso”
Álvaro Santos Pereira considera que, a par do baixo crescimento, há seis outros grandes desafios para o futuro de Portugal: a corrupção (e impunidade) e corporativismo; o endividamento elevado, a abertura da economia, a baixa produtividade, o envelhecimento da população e o impacto das alterações climáticas.
“Fizemos grandes reformas [desde a entrada no euro] e essas reformas estão a dar frutos. Não estamos a crescer o suficiente, mas estamos a crescer”, apontou o economista, num discurso em que se focou no futuro da indústria, falando da reindustrialização e novas tecnologias de produção.
"Sem uma nova onda de reformas estruturais não nos conseguiremos reindustrializar nem sustentar o crescimento. Sem uma nova onda de reformas, o crescimento não será sustentado e a sustentabilidade da dívida pode ser posta.”
Para que o país tenha maior e melhor indústria é, segundo Álvaro Santos Pereira, preciso um quadro fiscal competitivo, sendo que o antigo ministro defende há vários anos um IRC de 10%. “O que é importante é tirar as condições para que as empresas possam prosperar”, disse. “A política de campeões nacionais foi um desastre. Levou-nos à bancarrota“.
Além de impostos mais baixos, Álvaro Santos Pereira acredita que há outros fatores que são necessários para fomentar o peso da indústria no PIB português. Incluem-se a edução e formação, um financiamento menos dependente da banca, consolidação e revitalização do tecido empresarial, promoção do investimento e da internacionalização, bem como fomento da inovação e empreendedorismo.
“A reindustrialização deve ser um desígnio nacional, pois é fundamental para o futuro do país. É essencial atuar em múltiplas áreas para ser bem-sucedido”, acrescentou Santos Pereira. “Sem uma nova onda de reformas estruturais não nos conseguiremos reindustrializar nem sustentar o crescimento. Sem uma nova onda de reformas, o crescimento não será sustentado e a sustentabilidade da dívida pode ser posta”.
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