Parlamento do Iraque aprova expulsão de militares dos EUA do país
O Parlamento iraquiano decidiu votar a favor da expulsão de militares norte-americanos do país, na sequência do ataque aéreo que matou o general iraniano Qassem Soleimani.
O Parlamento do Iraque aprovou este domingo a expulsão de militares norte-americanos que se encontram no país, atendendo às exigências de milhares de pessoas revoltadas pelo assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, que tinha grande influência no Médio Oriente. A notícia foi avançada pela imprensa internacional.
Esta decisão surge depois de os EUA terem levado a cabo um ataque aéreo com recurso a um drone em Bagdad, perto do aeroporto, na última sexta-feira, assassinando aquele que era visto como o segundo homem mais poderoso do Irão, bem como Abu Mahdi al-Muhandis, subcomandante das Forças Mobilizadoras Populares do Iraque. O ataque levou milhares a saírem às ruas no Iraque e no Irão, exigindo vingança contra os EUA.
Segundo o The New York Times (acesso pago), a expulsão dos militares norte-americanos presentes no Iraque não entra em vigor sem uma validação final do primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul Mahdi. No entanto, Mahdi já disse este domingo que uma votação no sentido da expulsão dos militares teria a sua aprovação. Para o Iraque, o ataque dos EUA em solo iraquiano foi um atentado à soberania do país.
A questão da expulsão de militares dos EUA do Iraque divide o Parlamento iraquiano. Fações ligadas às milícias xiitas defenderam a decisão, enquanto as fações com ligações aos curtos e aos sunitas pretendiam a manutenção da presença das tropas no país, de acordo com o mesmo jornal. Porém, a aprovação deu-se por uma maioria de 170-0, sendo que a maioria dos 328 deputados do Parlamento, sobretudo curdos e sunitas, não estiveram presentes na sessão e não puderam votar, justifica o The New York Times.
Não se sabe que efeitos terá a decisão do Iraque de expulsar os militares norte-americanos do país. De acordo com o jornal, oficialmente, as tropas dos EUA estão presentes no Iraque “a convite” do Governo iraquiano, pelo que se presume que, se esse acordo legal for rompido, os EUA terão de efetuar a extração das tropas do território iraquiano.
De acordo com o The Wall Street Journal (acesso pago), as forças norte-americanas estão presentes no Iraque desde 2014, altura em que regressaram ao país para ajudar a combater a propagação do terrorismo promovido pelo Estado Islâmico, que chegou a “conquistar” um terço do país. Este jornal recorda, contudo, que o primeiro-ministro Mahdi renunciou ao cargo em novembro, pelo que o atual Governo é um Governo de gestão e a decisão final poderá já recair sobre o seu sucessor.
O assassinato do general iraniano Qassem Soleimani tem reavivado as tensões militares no Médio Oriente. A imprensa internacional tem reportado que nem Barack Obama nem George W. Bush, antigos presidentes dos EUA, deram aprovação para um ataque deste tipo. Segundo o Pentágono, foi Donald Trump, atual presidente, que ordenou o ataque com o drone.
À medida que milhares no Médio Oriente continuam a lamentar a morte de Soleimani, numa altura em que ainda está em vigor o período de luto decretado pelo líder supremo do Irão, a Casa Branca justifica a decisão referindo que Soleimani foi responsável pela morte de milhares de norte-americanos. Mike Pompeo, vice-presidente dos EUA, disse mesmo que a morte de Soleimani é uma boa notícia “para o mundo”, mais concretamente, e também, para a Europa, indicou.
O Irão prometeu retaliar pela morte do general. No final de sábado, porém, Donald Trump recorreu ao Twitter para ameaçar que, se houver retaliação, dará ordem de ataque contra 52 alvos “altamente relevantes” para o Irão e “para a cultura iraniana”. O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão respondeu, acusando Trump de “crimes de guerra”.
(Notícia atualizada pela última vez às 15h54)
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