Jerónimo critica sacrifício de salários e investimento ao “excedente orçamental”
Jerónimo de Sousa explicou também que o PCP se absteve na votação final global da proposta do Orçamento de Estado 2020 (OE2020) para dar “expressão a um posicionamento político que se distancia".
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou este sábado a “errada opção” do PS, PSD e CDS de preferirem sacrificar propostas e medidas “essenciais” como a melhoria de salários e o investimento público ao objetivo do “excedente orçamental”.
“Muitas outras propostas e medidas essenciais, como a melhoria dos salários ou do investimento público, acabaram sacrificadas ao objetivo de um excedente orçamental, a essa errada opção, partilhada por PS, PSD e CDS”, declarou Jerónimo de Sousa, numa iniciativa sobre “precariedade no trabalho intelectual”, que decorreu hoje à tarde na cidade do Porto.
Jerónimo de Sousa, durante o seu discurso de seis páginas, explicou também que o PCP se absteve na votação final global da proposta do Orçamento de Estado 2020 (OE2020) para dar “expressão a um posicionamento político que se distancia” do OE2020 e das opções do Governo PS nele refletidas.
“Um posicionamento que não se confunde com os que procuram branquear a política de direita (e as suas próprias responsabilidades) e animar projetos reacionários. Um posicionamento que afirma a necessidade de uma política alternativa, patriótica, e de esquerda, que vá ao encontro das aspirações dos trabalhadores e do povo português, capaz de assegurar as condições para um desenvolvimento pleno para o país”.
Apesar das inúmeras críticas ao OE2020, Jerónimo de Sousa congratulou pela intervenção do PCP em conseguir o aumento extraordinário de pensões e gratuitidade de creches ou a admissão de 2.500 efetivos para as forças de segurança.
“Graças à persistência e intervenção do PCP e vencendo resistências do PS foi possível aprovar o aumento extraordinário de pensões, a gratuitidade de creches, a criação do Laboratório Nacional do Medicamento, a eliminação das taxas moderadoras nos cuidados primários, a entrega de manuais novos ao primeiro ciclo, a redução de propinas, o reforço de verbas para os transportes públicos, a admissão de 2.500 efetivos para as forças de segurança. (…). São medidas de inegável importância para a vida dos portugueses”, concluiu.
O secretário-geral do PCP frisou, durante o discurso, que apesar do OE2020 ser da “inteira responsabilidade do Governo PS e determinado pelas suas opções”, o PCP não prescindiu de intervir com as suas propostas e medidas de “sentido positivo para dar solução aos problemas do país”.
“O PCP avançou com cerca de 300 propostas de alteração ao OE2020, em sede de especialidade, incidindo nas mais diversas áreas, do trabalho à educação, à saúde, à habitação, à cultura, à fiscalidade, entre outras”, afirmou, acrescentando, por exemplo, que foram garantidas as “propostas de contratação de mais trabalhadores para o SNS”, o “reforço do Programa de Bolsas de Criação Literária com a duplicação de bolsas de estudo” ou a “requalificação de teatros” e “reposicionamento remuneratório dos trabalhadores do Ensino Superior”.
Jerónimo de Sousa discursou durante cerca de uma hora, depois de ter primeiro escutado dezenas de trabalhadores, desde arquitetos, médicos, professores do ensino secundário e superior, jornalistas, advogados, arqueólogos, entre outros, a denunciarem a precariedade que vivem atualmente nas suas profissões.
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