Galp Energia admite vender ativos para limitar aumento da dívida com a aposta nas renováveis
Petrolífera vai reforçar o investimento nas renováveis nos próximos meses, mas garante não querer deixar o peso da dívida na atividade aumentar. Por isso, está a considerar fazer rotação de ativos.
A Galp Energia está a considerar vender ativos para limitar o endividamento da empresa. A petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva vai investir mais nos próximos anos, para reposicionar-se com foco nas energias renováveis, enquanto quer fazer crescer a remuneração dos acionistas. Neste cenário, o gestor garante que prefere alienações a aumentar o peso da dívida.
“Vamos fazer rotação de ativos, se for necessário para manter a dívida abaixo de duas vezes o EBITDA [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações]”, garantiu o CEO Carlos Gomes da Silva, num encontro em Londres com analistas. No mesmo evento, o CFO Filipe Crisóstomo Silva acrescentou que “a rotação de ativos é muito provável”.
O rácio que mede o peso da dívida na atividade da petrolífera ainda está longe da linha traçada pelo gestor. Com uma dívida líquida a 31 de dezembro de 2019 em 1.435 milhões de euros (menos 302 milhões no ano anterior), o rácio da dívida da Galp Energia face ao EBITDA situou-se em 0,7 vezes no final do ano passado.
A justificação deve-se, assim, ao reforço no investimento, que totalizou 856 milhões em 2019. Entre 2020 e 2022, esse montante vai crescer para uma média entre mil milhões e 1,2 mil milhões de euros por ano, sendo que mais de 40% serão dedicados a capturar oportunidades relacionadas com a transição energética e outros 10% a 15% serão alocados a projetos de geração elétrica de base renovável e novos negócios.
Com os lucros a caírem (em 2019 tombaram para 389 milhões), os compromissos da Galp Energia de reforçar o investimento (para financiar o reposicionamento focado em energias renováveis) e aumentar a remuneração acionista (em 10% ao ano até 2022) poderão tornar-se mais difíceis de concretizar. Mas o recurso ao endividamento será limitado, ficando em aberto a rotação de ativos.
“Temos considerado, no nosso cenário base, desconsolidação, que iria implicar não só vender partes de ativos, mas também fazer rotação de ativos”, diz Carlos Gomes da Silva, sem especificar quais os ativos que poderão ser colocados no mercado. O ECO sabe que, apesar de não estar nenhum negócio ainda a ser trabalhado, a acontecer poderá tratar-se de uma venda de ativos não estratégicos como a rede de distribuição de gás natural.
O gestor acrescentou que a Galp quer deixar todas as opções em aberto, incluindo fazer aquisições estratégicas ou encontrar novos parceiros de negócio. Após ter comprado empresa de energia solar fotovoltaica em Espanha, a petrolífera anunciou que está à procura de mais negócios que possam alinhar com a nova estratégia, bem como de parceiros para reforçar no segmento das renováveis.
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