Lucro da Galp cai 47% para 389 milhões. Dividendo vai crescer 10% ao ano até 2021
Petrolífera aponta para um contexto "desafiante" de refinação para explicar quebra nos resultados líquidos. Em processo de reestruturação do negócio, empresa quer reforçar investimento nas renováveis.
O lucro da Galp Energia tombou para quase metade em 2019. A petrolífera aponta para um contexto “desafiante” de refinação para explicar a quebra nos resultados líquidos, que foi em parte compensado pela robustez da exploração e produção. Apesar da quebra, o dividendo deverá subir 10% ao ano entre 2019 e 2021.
O resultado líquido situou-se em 389 milhões de euros no ano passado, o que representa uma quebra de 47% face aos 741 milhões registados no ano anterior (considerando o método contabilístico comparável já que este foi alterado ao longo de 2019, passando a ser aplicada a norma IFRS). Face ao método anterior (que não tem em conta a flutuação do preço do petróleo), a queda teria sido de apenas 21%.
“O desempenho financeiro robusto foi suportado pelos resultados de upstream e downstream, e apesar do contexto de refinação desafiante”, explica a empresa liderada por Carlos Gomes da Silva, nos resultados comunicados esta terça-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) atingiu cerca de 2.381 milhões de euros, 7% superior ao ano anterior e acima do guidance da empresa.
"O investimento atingiu os 856 milhões de euros, com o E&P a representar 70% e o restante maioritariamente focados nas atividades de manutenção e melhoria da eficiência energética das refinarias, assim como na renovação da rede de distribuição.”
O investimento atingiu os 856 milhões, “com a E&P [exploração e produção] a representar 70% e o restante focado nas atividades de manutenção e melhoria da eficiência energética das refinarias, assim como na renovação da rede de distribuição”.
A dívida líquida da Galp Energia a 31 de dezembro de 2019 estava em 1.435 milhões de euros, menos 302 milhões no ano anterior. O rácio da dívida líquida face ao EBITDA situou-se em 0,7 vezes.
A Galp Energia tinha já anunciado um forte aumento na exploração de petróleo, suportada pelo crescimento da produção em Angola (que disparou 72%). No entanto, a queda dos preços do petróleo penalizou as margens da empresa. Agora, acrescenta que, em 2019, “reconheceu os impactos provenientes da diluição da participação na acumulação de Lula na sua subsidiária brasileira”.
Dividendos vão continuar a crescer
A petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva irá atualizar a estratégia no Capital Markets Day, ainda esta manhã. Mas a empresa dá já algumas informações no relatório, incluindo o guidance para a remuneração acionista. Garante estar comprometida com as diretrizes de alocação de capital, bem como em investir no crescimento sustentável, “com foco no retorno dos projetos, na disciplina financeira e na remuneração acionista”.
“Considerando o atual ciclo da empresa, a Galp prevê um crescimento anual de 10% no dividendo por ação entre 2019 e 2021, reiterando a confiança no seu plano financeiro e o compromisso de balancear investimentos de elevada qualidade com o reforço da remuneração acionista”, revela.
Tendo em conta que a petrolífera pagou 0,6325 euros por ação referente ao exercício de 2018, um aumento de 10% levaria o dividendo de 2019 (a receber este ano) para 0,69575 euros. No fim do período, o dividendo poderá aproximar-se de 0,85 euros.
Remuneração dos acionistas multiplica por quatro numa década
Galp reestrutura negócio e investe nas renováveis
Além dos dividendos, a empresa vai ainda reforçar o investimento com particular foco nas renováveis. “Durante a próxima década, mais de 40% dos nossos investimentos visam capturar oportunidades relacionadas com a transição energética e 10% a 15% serão alocados a projetos de geração elétrica de base renovável e novos negócios”, releva a empresa.
O investimento líquido previsto situa-se em média entre mil milhões e 1,2 mil milhões de euros por ano até 2022. Estes investimentos incluem todas as necessidades de capitais próprios, ou seja, após financiamento, e eventuais desinvestimentos.
Em janeiro deste ano, a Galp comprou uma empresa de energia solar em Espanha (com uma capacidade de geração de energia total de 2,9 gigawatts) por 450 milhões de euros, assumindo 430 milhões em dívida. O investimento da portuguesa na Zero-E vai ascender a 2,2 mil milhões de euros até 2023. O acordo inclui mais de 900 megawatts de capacidade de geração recentemente comissionada e um conjunto de projetos em diferentes estágios de desenvolvimento com instalação planeada até 2023.
“Juntamente com os restantes projetos solares em desenvolvimento na Península Ibérica, a capacidade instalada total da Galp deverá atingir os 3,3 GW até 2023. Os retornos acionistas esperados deste portefólio situam-se acima dos 10%“, diz a petrolífera sobre a operação. Sublinha que a meta é chegar a 10 GW de capacidade nas renováveis até 2030.
"A trajetória de crescimento do grupo deverá permitir que a contribuição anual de CFFO ultrapasse a marca dos 3 mil milhões de euros a partir de 2025, dos quais mais de 75% com origem fora da Península Ibérica.”
O objetivo é atingir um cash flow operacional (CFFO) superior a três mil milhões a partir de 2025 (face aos 1,9 mil milhões em 2019). “A trajetória de crescimento do grupo deverá permitir que a contribuição anual de CFFO ultrapasse a marca dos 3 mil milhões de euros a partir de 2025, dos quais mais de 75% com origem fora da Península Ibérica, e mais de 1,5 vezes o valor de 2019″, acrescenta a empresa.
Em simultâneo com o reposicionamento estratégico, a Galp está a reorganizar as unidades de negócio de forma a otimizar os seus negócios, segmentando-os de acordo com a sua própria identidade, objetivos e perfil de risco.
A nova estrutura consiste em quatro unidades de negócio: uma área de upstream (inalterada); uma área de refinação & midstream, que incorpora os negócios de refinação e logística, as atividades de aprovisionamento e trading de oil, gás e eletricidade; uma unidade Comercial, integrando toda a oferta de produtos e serviços da Galp para todos os clientes, e uma unidade de renováveis & novos negócios.
(Notícia atualizada)
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