Mulheres ganham menos 14,5% que os homens e as mais qualificadas menos 26,1%, aponta estudo da CGTP
De acordo com o estudo da CGTP, a diferença salarial entre homens e mulheres é maior nas empresas privadas (22,5%), que nas empresas públicas (13%).
As mulheres trabalhadoras têm, em média, salários base 14,5% mais baixos do que os homens e as que têm qualificações mais altas ganham menos 26,1% que os seus colegas, refere um estudo que a CGTP divulgado esta quinta-feira.
A análise foi feita pela Intersindical com base em postos de “trabalho igual ou de valor igual” considerando as remunerações base no setor privado e no setor empresarial do Estado.
De acordo com o estudo, a diferença salarial entre homens e mulheres é maior nas empresas privadas (22,5%), que nas empresas públicas (13%).
A desigualdade é ainda mais elevada quando são comparados os ganhos nas qualificações mais altas, atingindo um diferencial de 26,1% entre os quadros superiores.
Quando são comparados os ganhos mensais, e não apenas o salário base, o diferencial global sobe para 17,8%, já que os homens fazem mais trabalho extraordinário e recebem mais prémios.
Segundo a CGTP, as mulheres são muitas vezes penalizadas na atribuição de prémios devido às ausências ocorridas, sobretudo relacionadas com a assistência à família.
O estudo da central sindical, salienta que, a par da diferença salarial, as mulheres ocupam com maior frequência postos de trabalho em que apenas se recebe o salário mínimo nacional.
Refere que em abril de 2019 cerca de 31% das mulheres recebiam o salário mínimo, face a 21% dos homens.
Na Administração Pública, a desigualdade verifica-se no acesso de mulheres a cargos dirigentes, sendo que elas apenas são 40% do total de dirigentes superiores, apesar de constituírem 59% dos trabalhadores do setor, o que depois se reflete nos salários.
Para a diferença salarial existente entre mulheres e homens contribui também a precariedade laboral, dado que são as mulheres também as maiores vítimas desta situação.
No documento que a CGTP está a divulgar esta quinta-feira, a central lembra que “mais de 32% dos trabalhadores por conta de outrem têm vínculos precários em Portugal no conjunto dos setores público e privado, afetando mais de 1.300 mil trabalhadores“.
Considerando só o setor privado, a precariedade ultrapassava os 36%. O trabalho precário atinge sobretudo os mais jovens e as mulheres: 40% dos menores de 35 anos têm vínculos precários e mais de metade são mulheres.
“Além da insegurança laboral e de um mecanismo de chantagem, a precariedade é utilizada para pagar salários, em média, 30% mais baixos aos trabalhadores com vínculos precários, do que aos trabalhadores com vínculo efetivo”, diz a Inter no estudo, citando dados dos Quadros de Pessoal.
CGTP diz que 35 horas semanais são necessárias para descanso das mulheres
A CGTP defendeu também esta quinta-feira a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais como contributo para uma maior igualdade de género no mercado de trabalho, nomeadamente para as mulheres “terem tempo para descansar”.
“É urgente e necessária a redução do horário de trabalho para as trabalhadoras poderem ter uma vida digna, terem tempo para a família e filhos e poderem descansar, para no dia seguinte continuar a trabalhar”, afirmou Marisa Ribeiro, da Comissão Distrital do Porto para a Igualdade entre Mulheres e Homens da CGTP, em conferência de imprensa a propósito da semana da igualdade que começa na segunda-feira.
Citado no estudo, o Inquérito à Mobilidade nas Áreas Metropolitanas do Porto (AMP) e Lisboa, de 2017, refere que os primeiros residentes passam 69,5 minutos nas deslocações entre casa e trabalho, ao passo que, na capital, se despendem, em média, 76,3 minutos diários.
Para Marisa Ribeiro, também por este motivo o horário de trabalho semanal devia passar das 40 para as 35 horas.
O estudo sobre a situação da mulher no mercado de trabalho está a ser divulgado pela CGTP, em conferências de imprensa realizadas em vários distritos do país, para apresentar a Semana da Igualdade, que decorre a partir de segunda-feira.
A Semana da Igualdade é promovida pela CGTP-IN ao longo da próxima semana, em todo o país, com a participação de trabalhadores e representantes sindicais e contará com testemunhos, relatos de casos reais, plenários e ações de rua diversificadas, sob o lema “Emprego de Qualidade – Viver e Lutar pela Igualdade”.
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